Respondendo ao islã

Muito do Alcorão desapareceu e os Muçulmanos não podem fazer nada sobre isso!

Uma análise da declaração de Ibn Umar (Omar, Othman) de que o Alcorão está incompleto

Sam Shamoun

Segundo um registro do filho do terceiro califa Umar ibn al-Khattab (no Brasil seu nome é conhecido bomo Omar, Umar, Othman, Osman, Otomão, Otoman e por mais algumas variantes. Sendo assim, doravante o chamarei apenas por ibn Umar), o texto atual do Alcorão está incompleto já que muito dele desapareceu:

‘Abdullah b. ‘Umar, segundo o que se sabe, disse, ‘Que nenhum de vocês digam, “Eu tenho todo o Alcorao.” Como saberia que o tem todo? MUITO DO ALCORÃO SE FOI. Que digam, “Eu tenho o que sobreviveu.”’ (Jalal al Din ‘Abdul Rahman b. Abi Bakr, al-Itqan fi ‘ulum al-Qur’an, Halabi, Cairo, 1835/1354, Volume 2, pg. 25)

Encontramos a mesma narrativa citada no Kitab Fadail-al-Qur’na de Abu Ubaid:

Disse Abu ‘Ubaid:

Isma’il b. Ibrahim nos contou que Ayyub de Nafi’ de Ibn ‘Umar disse – Que nenhum de vocês digam, “Eu aprendi todo o Alcorão,” porque como é que ele conhece [o Alcorão] por inteiro SE MUITO DELE DESAPARECEU? Será melhor que diga, “Eu aprendi o que ainda existe dele.(Ibn Warraq, Origins of the Koran – Classic Essays on Islam’s Holy  Book [Prometheus Books, Amherst, NY 1998] Parte Dois: The Collections and the Variants of the Koran, 9. Abu ‘Ubaid sobre os Versos Perdidos do Alcorão, por Arthur Jeffery, pg. 151: ênfases em negrito, maiúsculas e sublinhados são nossas)

O apologeta Xiita do site Answering Ansar fornece outra fonte para essa narrativa  com sua cadeia de transmissores, demonstrando que se trata de um registro confiável:

Um dos antigos estudiosos Sunitas, Qasim bin Salam († 222 H) registra:

Ismail bin Ibrahim narrou de Ayub de Naf’ee de Ibn Umar que disse: ‘De fato, entre vocês alguém pode dizer que encontrou o Alcorão sendo que ele não conhece o Alcorão completo, porque muito do Alcorão se perdeu. Seria melhor que ele dissesse que realmente encontrou o que apareceu do Alcorão.”

Ismail bin Ibrahim: Dahabi disse: ‘Hujja’ (Al-Kashif, vol. 1, p. 242), Ibn Hajar disse: ‘Thiqah’ (Taqrib al-Tahdib, vol. 1 p. 90). Ayub al-Sekhtiani: Dahabi disse: ‘The master of scholars’ (Siar alam alnubala, vol. 6, p. 15), Ibn Hajar disse: ‘Thiqah Thabt Hujja’ (Taqrib al-Tahdib, vol. 1, p. 116). Naf’ee: Dahabi disse: ‘The Imam of Tabayeen’ (Al-Kashif, vol. 2, p. 315), Ibn Hajar disse: ‘Thiqah Thabt’ (Taqrib al-Tahdib, vol. 2, p. 239). (Fadhail al-Quran por Qasim bin Salam, Volume 2 p. 135) (Who believes the Quran has been a victim of Tahreef?, Capítulo Oito: Sunni reports about deletions from the Quran; ênfases sublinhadas são nossas)

Eles também mencionam três outras fontes Sunitas que citam esse registro em particular de Abdullah ibn Umar:

      Tafsir Dur e Manthur, Volume 1, pg. 106

      Tafsir Itqan (Urdu), Volume 2, pg. 64

      Tafsir Ruh al-Mani, Volume 1, pg. 25

Assim, segundo Abdullah ibn Umar, nenhum Muçulmano pode jamais dizer que tem o Alcorão completo porque muita parte dele foi removida, perdida, desapareceu, sumiu, etc.

À luz desse fato, não é de se surpreender que alguns Sunitas dizem que não é isso o que Ibn Umar quis dizer. Eles dizem que a palavra ‘perdido’ que Ibn Umar usou, a saber, ‘zahab’, na verdade significa ab-rogação. Eles dizem que o que Ibn Umar realmente quis dizer é que muito do Alcorão foi ab-rogado.

Infelizmente para esses Muçulmanos polêmicos essa explicação não se refere realmente ao assunto tratado, mas apresenta ainda maiores problemas.

Em primeiro lugar, que tipo de revelação é essa que MUITO (não apenas uma pequena porção) do conteúdo de seus versos foi ab-rogado? Por que Allá se incomodaria em revelar muito do Alcorão a Mohamed (Maomé) que ele sabia muito bem que acabaria sendo removido por completo sem deixar vestígios?

Segundo, o Alcorão diz que Allá substituiria os versos ab-rogados por algum similar ou melhor:

Não ab-rogamos nenhum versículo, nem fazemos com que seja esquecido (por ti), sem substituí-lo por outro melhor ou semelhante. Ignoras, por acaso, que Deus é Onipotente? S. 2:106

À luz disso, os Muçulmanos seriam tão bondosos para mostrar quais versos substituíram as partes perdidas? Eles podem produzir uma lista exata das passagens ab-rogadas para cada verso ou sura que foi apagada do Alcorão?

Terceiro, os Muçulmanos não se decidem sobre quantos versos foram realmente ab-rogados ou substituídos (obs.: ‘nasikh’ ou ‘naskh’ se refere ao verso que substitui a outro; ‘mansukh’ refere-se ao verso que foi substituído):

Os Versos Ab-rogados

Há, segundo Ibn Samama, [Op. cit., veja pgs. 6-8 para os nomes das sura.] um autor bem conhecido sobre este tema:

43 suras sem nasikh ou mansukh.

6 suras com nasikh, mas sem mansukh.

40 suras com mansukh, mas sem nasikh.

25 suras com nasikh e mansukh.

Segundo a Itqan de Suyuti há 21 casos no Alcorão onde uma revelação foi ab-rogada por outra.

Ele também indica que há uma diferença de opinião sobre alguns deles: e.g. 4:8, 24:58, etc. [Itqan, II, pp. 20-3; Kamal, op. cit., pp. 101-9 também dá a lista completa de Suyuti.]

Alguns estudiosos têm tentado reduzir o número de ab-rogações no Alcorão ainda mais, explicando as relações entre os versos de modos especiais, e.g. apontando que nenhuma ab-rogação legal está envolvida ou que há certas razões pelas quais a nasikh não é genuína.

Shah Waliullah († 1759) o grande estudioso Muçulmano da Índia manteve apenas cinco dos 21 casos de Suyuti como genuínos:

Mansukh 2: 180  nasikh 4: 11, 12

Mansukh 2: 240  nasikh 2: 234.

Mansukh 8:65     nasikh 8:62.

Mansukh 30:50   nasikh 33:52.

Mansukh 58:12   nasikh 58:13.

Exemplo:

Um caso listado por Suyuti que não tem nenhuma implicação legal direta é o seguinte:

Narrou Ibn ‘Abbas: Quando o verso: ‘Se houver 20 dentre vós, pacientes e perseverantes, eles superarão outros duzentos’, foi revelado, se tornou duro para os Muçulmanos quando se tornou obrigatório que um Muçulmano não deveria fugir diante de 10 (não-Muçulmanos), então Allá esclareceu a ordem revelando: ‘Deus tem-vos aliviado o peso do fardo, porque sabe que há um ponto débil em vós; e se entre vós houvesse cem perseverantes, venceriam duzentos’ (8:66).

Então, quando Allá reduziu o número de inimigos que os Muçulmanos poderiam opor-se de uma só vez, sua paciência e perseverança contra o inimigo diminuiu conforme sua obrigação foi-lhes esclarecida. [Bukhari, VI, N° 176]

E outros ainda dizem que não há registros (sahih) genuínos disponíveis sobre este assunto, retornando, assim, ao Profeta, enquanto aqueles que vão aos Companheiros contradizem uns aos outros. [Ali, M.M.: The Religion of Islam, Lahore, 1936, pg. 32. Deve-se notar que o tratamento de Ali sobre o assunto não é completo. Dos três exemplos que ele cita para apoiar sua opinião (na maioria dos casos, quando um registro é trilhado até um Companheiro que sustentava que certo verso foi ab-rogado, há outro registro trilhado até outro Companheiro que sustentava que o mesmo verso não foi ab-rogado’ – pg. 33) dois definitivamente não lhe são favoráveis, enquanto o terceiro pode ser facilmente explicado. Seu primeiro caso é a respeito da Sura 2:180 (herança). Este foi, certamente, substituído por outros versos, eg. 4:7-9 ... O segundo caso de Ali, ‘2:184, é considerado ab-rogado por Ibn ‘Umar, enquanto Ibn ‘Abbas diz que não.’ Veja abaixo onde eu citei essa mesma hadice de Ibn ‘Abbas (Bukhari, VI, N° 32) onde o próprio Ibn ‘Abbas explica porquê ele não o aceita como ab-rogado. O terceiro caso é, tal como o primeiro, nada favorável a Ali: ‘2:240 foi ab-rogado segundo Ibn Zubair, enquanto Mujahid diz que não’. Está errado, veja Sahih Bukhari, VI, N°s 53 e 54, onde tanto Ibn Zubair e Mujahid sustentam que o verso foi ab-rogado. Além disso, tanto Ibn Zubair e Mujahid são tabi’un, e não Companheiros (sahaba).]

Assim, talvez para eles o caso de nasikh wa al mansukh não é muito importante. Porém, está claro que o próprio Alcorão, (e.g. no caso da herança, 2:180; 4:7-9, etc.) demonstra que a ab-rogação ocorreu ocasionalmente. Por isso está errado ignorar completamente este assunto. (Ahmad Von Denffer, Ulum al Qur’an; ênfases sublinhadas são nossas)

A lista a seguir foi adaptada de Abu Ammaar Yasir Qadhi em seu An Introduction to Sciences of the Qur’aan, publicado por al-Hidaayah Publishing and Distribution, Birmingham, Reino Unido, Segunda Edição, 2003; cap. 13. Abrogation in the Qur’aan: An-Naskh Wa Al-Mansookh, VIII. The Number of Naasikh/Mansookh Verses in the Qur'aan, p. 251..

Aboo Bakr ibn ‘al-Arabee († 543 H.) – aceitou apenas 105 de 297 possíveis candidatos a naskh.

Mustafá Zayd – aceitou apenas 6 de 283 casos.

Ibn al-Jawzee († 597 H.) – aceitou apenas 22 de 247 casos.

Ibn Hazm († 456 H.) – examinou e aceitou 214 possíveis casos de naskh

Aboo Ja'far an-Nahas († 338 H.) – aceitou apenas 20 de 134 casos.

Az-Zarqani – aceitou apenas 12 de 22 casos.

As-Suyooti († 911 H.) – aceitou apenas 20 de 21 casos.

Ash-Shanqeeti – examinou e aceitou 7 possíveis casos de naskh

Walee Allaah ad-Dehlawi († 1176 H.) – examinou e aceitou 5 possíveis casos como naskh.

Se os Muçulmanos estavam/estão incertos sobre o exato número de versos ab-rogadores/ab-rogados, como, então, alguém pode ter absoluta certeza de que todos esses tais versos perdidos apenas faziam parte dos que foram ab-rogados?

De fato, se tomarmos o maior número listado acima, temos um total de 297 exemplos. 297 exemplos de cerca de 6000 versos do Alcorão não são tantos, são apenas uma pequena porção de textos. Porém, Ibn Umar disse que MUITO do Alcorão desapareceu! Claramente, a ab-rogação não pode ter relação com as palavras de Ibn Umar.

Quarto, em lugar algum o Alcorão diz que os verso ab-rogados não mais fariam parte do texto em si. De fato, não há nenhuma referência que diz que os Muçulmanos devem remover qualquer passagem do codex após ter sido ab-rogado.

Além do mais, encontramos casos onde os Muçulmanos não abandonariam nenhuma passagem ab-rogada. Por exemplo, Ubayy bin Kab se recusou a omitir qualquer um dos versos que ouvira de Mohamed (Maomé), mesmo que ele soubesse que haviam sido ab-rogados!

4719. Foi contado por Ibn ‘Abbas que ‘Umar disse, ‘Ubayy era um de nós com a melhor recitação, embora tivéssemos abandonado algumas das palavras que Ubayy recitava. Ubayy disse, “Eu recebi isso da boca do Mensageiro de Allá e NÃO AS DEIXAREI por nada.” Allá, o Todo-Poderoso diz, “Não ab-rogamos nenhum versículo, nem fazemos com que seja esquecido , sem substituí-lo por outro melhor ou semelhante”. (2:106)” (Aisha Bewley, Sahih Collection of al-Bukhari, Capítulo 69. Livros das Virtudes do Alcorão, VIII: Os recitadores dentre os Companheiros do Profeta: *; *)

Veja também a versão do Sahih al-Bukhari do dr. Muhammad Muhsin Khan, Volume 6, Livro 61, Número 527.

Ubayy ibn Kab não foi o único já que Omar (Osman) também se recusou a remover as referências ab-rogadas de seu codex:

XLVII: “Aqueles dentre vós que morrem e deixam viúvas” (2:240)

4262. É relatado que Ibn az-Zubayr disse, “Eu disse a ‘Omar, “Aqueles dentre vós que morrem e deixam viúvas” (2:234) em al-Baqara e “Aqueles dentre vós que morrem e deixam viúvas” (2:24) foram ab-rogados por outro ayat, então por que você os compilou? Ele disse, ‘Deixai-os, sobrinho, eu não tirarei NENHUM DELES de seu lugar.’” (Bewley, Sahih al-Bukhari, Cap. 68. Livro de Tafsir: *; *; ênfases maiúsculas e sublinhadas são nossas)

Veja também a versão de Sahih al-Bukhari de Khan, Volume 6, Livro 60, Número 60.

Isso nos leva ao quinto ponto. Os próprios Muçulmanos reconhecem que o Alcorão ainda contém alguns textos ab-rogados. Por que, então, todos esses versos e suras perdidas foram deixados de fora enquanto outras passagens foram mantidas?

Sexto, a doutrina da ab-rogação contradiz expressamente o testemunho do Alcorão de que as palavras de Allá são imutáveis.

Recita, pois, o que te foi revelado do Livro de teu Senhor, cujas palavras são imutáveis; nunca acharás amparo fora d’Ele. 18:27

Segundo o antigo estudioso Muçulmano e tradutor do Alcorão, Muhammad Asad este é um dos versos usados por certos Muçulmanos para refutar a noção de que o Alcorão ab-roga a si próprio:

“... Segundo Razi, é nesta passagem, dentre outras, que o  comentarista do Alcorão Abu Muslim al-Isfahani baseou sua rejeição da tão falada ‘doutrina da ab-rogação’ discutida em minha nota 87 em 2:106.” (Asad, Message of the Qur’an [Dar Al-Andalus Limited 3 Library Ramp, Gibraltar rpt. 1993], p. 443, nota. 35: *; *)

Relacionado ao precedente está o sexto problema com este conceito. Ab-rogação não é nada mais que uma tentativa conveniente de explicar a maioria das contradições dentro do Alcorão. De fato, o próprio Asad cria que os Muçulmanos podem ter desenvolvido essa doutrina por causa de sua incapacidade de harmonizar satisfatoriamente a maioria das discrepâncias dentro de seu texto religioso. Ele escreve em sua nota de rodapé 87 da Sura 2:106 que:

“... O princípio depositado nesta passagem – relativo à substituição da dispensação Bíblica pela do Alcorão – traz à tona uma interpretação errônea de muitos teólogos Muçulmanos. A palavra ayah (‘mensagem’) que ocorre neste contexto também é usada para denotar um ‘verso’ do Alcorão (porque cada um desses versos contém uma mensagem). Ao se tomar o sentido mais restrito do termo ayah, alguns estudiosos concluem a partir da passagem acima que certos versos do Alcorão foram ‘ab-rogados’ pela ordem de Deus antes que a revelação do Alcorão tenha sido completada.  Independente da esquisitice dessa asseveração – A QUAL TRAZ À MENTE A IMAGEM DE UM AUTOR HUMANO CORRIGINDO, NUMA SEGUNDA IDÉIA, OS RASCUNHOS DE SEUS MANUSCRITOS, apagando um trecho e o substituindo por outro – não há nenhuma só Tradição confiável relativa ao Profeta ter alguma vez declarado que algum verso do Alcorão foi ‘ab-rogado’. Na raiz da tão falada ‘doutrina da ab-rogação’ PODE ESTAR A INCAPACIDADE DE ALGUNS COMENTARISTAS ANTIGOS DE CONCILIAR UMA PASSAGEM DO ALCORÃO COM OUTRA; uma dificuldade que só aumentou quando declararam que os versos em questão foram ‘ab-rogados’. Essa atitude arbitrária explica também porque não há unanimidade entre absolutamente nenhum dos sustentadores da ‘doutrina da ab-rogação’, a respeito de quais e quantos versos do Alcorão foram afetados por isso; e, além disso, se essa alegada ab-rogação implica numa total eliminação do verso de seu contexto no Alcorão ou se implica apenas no cancelamento da ordenança específica ou da declaração contida. Em resumo, a ‘doutrina da ab-rogação’ não tem base histórica, e deve ser rejeitada...” (Asad, Message of the Qur’na [Dar Al-Andalus Limited 3 Library Ramp, Gibraltar, reimpressão de 1993], pgs. 22-23, n. 87; ênfases em negrito e maiúsculas são nossas)

Asad corretamente mostra que a ab-rogação é uma indicação das imperfeições e fraquezas humanas. Asad também não foi o único que se sentiu dessa forma já que o antigo Maulana Muhammad Ali da seita Ahmadiyya também rejeita a ab-rogação precisamente porque ela viola a afirmação do Alcorão de que ele está livre de erros e discrepâncias. Como Asad, Ali reconhece que os Muçulmanos desenvolveram seu conceito porque foram confrontados com referências que entram em conflito umas com as outras, e que eles não podem satisfatoriamente explicar:

O princípio no qual a teoria da ab-rogação se baseia é inaceitável, sendo contrário aos claros ensinos do Alcorão. Um verso é considerado ab-rogado quando os dois não podem ser reconciliados um com o outro; em outras palavras, quando eles parecem contraditórios. Mas, o Alcorão destrói esse fundamento quando declara que nenhuma parte dele está em divergência com outra. “Não meditam, acaso, no Alcorão? Se fosse de outra origem, que não de Deus, haveria nele muitas discrepâncias” (4:82). É por falta de meditação que se imagina que um verso contradiz o outro; e, por isso, em quase todos os casos em que a ab-rogação é defendida por alguém, há outro verso que, sendo capaz de reconciliar os outros dois, repudia a alegada ab-rogação. (Ali, The Religion of Islam [The Ahmadiyya Anjuman Isha'at Islam (Lahore) U.S.A., Oitava Edição, 2005], p. 32;  ênfase em negrito e itálico é nossa)

A admissão sincera de Ali mostra que os Muçulmanos que apelas para a ab-rogação o fazem principalmente porque são incapazes de reconciliar os erros dentro do Alcorão. Ab-rogação, assim, se torna um meio conveniente de se explicar as discrepâncias bem como as corrupções variantes do texto do Alcorão.

Incrivelmente, até mesmo um estudioso Sunita que aceita a doutrina da ab-rogação sinceramente admite que uma das razões para se classificar os textos como nasikh ou mansukh é porque eles se contradizem e não podem ser harmonizados!

Há um número de condições que os estudiosos de usool al-fiqh e ‘uloom al-Qur’ann apresentam para substanciar qualquer pretensão de naskh. Uma das razões para isso é que naskh é usado apenas como último recurso, já que o verdadeiro conceito de naskh implica em descartar uma instrução por outra. Enquanto ambos regulamentos puderem ser aplicados, naskh não é utilizado.

As condições mais importantes são as seguintes:

1)      A condição mais importante para naskh acontecer é que as duas instruções em questão devem diretamente contradizer uma a outra, de modo que ambas instruções não possam ser aplicadas ao mesmo tempo e que não há nenhum modo de conciliá-las. Assim, se uma das instruções pode ser aplicada para um caso específico e a outra instrução a um caso diferente, elas não podem ser consideradas um caso de naskh. (Abu Ammaar Yasir Qadhi, An Introduction to the Sciences of the Qur’aan,  Capítulo 13. Abrogation in the Qur’aan: An-Naskh Wa Al-Mansookh, III. The Conditions for Naskh, pgs. 236-237; ênfase em negrito e sublinhado é nossa)

Oitavo e finalmente, segundo ao apologeta Xiita site Answering Ansar, há uma hadice onde Umar bin al-Khattab usou a mesma palavra árabe que Ibn Umar usou em um contexto similar a respeito da perda do Alcorão:

Relatou Zaid bin Thabit:

Abu Bakr As-Siddiq mandou me chamar quando o povo de Yamama foi morto (i.e., um número dos Companheiros do Profeta que batalharam contra Musailama). (Eu fui a ele) e encontrei ‘Umar bin Al-Khattab sentando com ele. Abu Bakr, então, disse (a mim), “Umar veio a mim e disse: ‘Foram pesadas as baixas dos Qurra’ do Alcorão (i.e. aqueles que sabiam o Alcorão de cor) no dia da Batalha de Yamama, e eu tenho medo de que mais grandes baixas possam ocorrer entre os Qurra’ em outros campos de batalha, de modo que uma grande parte do Alcorão pode ser PERDIDA. Dessa forma eu sugiro a você, (Abu Bakr) que ordene que o Alcorão seja agrupado.’ Eu disse a ‘Umar, ‘Como você pode fazer algo que o Apóstolo de Allá não fez?’ ‘Umar disse, ‘Por Allá, este é um bom projeto.’ Umar continuou insistindo que eu aceitasse a proposta até que Allá me abriu a mente para tal e eu percebi a bondade na idéia que ‘Umar teve.” Então Abu Bakr disse (a mim), “Você é um jovem sábio e nós não temos suspeitas sobre você, e você costumava escrever a Inspiração Divina para o Apóstolo de Allá. Então você poderia procurar (os fragmentos de manuscritos) do Alcorão e agrupá-los em um livro).” Por Allá! Se tivessem me ordenado erguer uma das montanhas, isso não me seria mais duro do que esse pedido para agrupar o Alcorão. Então eu disse a Abu Bakr, “Como você vai fazer algo que o Apóstolo de Allá não fez?” Abu Bakr respondeu, “Por Allá, este é um bom projeto.” Abu Bakr continuou insistindo que eu aceitasse até que Allá me abriu a mente para aceitar que a mente de Abu Bakr e ‘Umar já havia aceito. Então eu comecei a procurar pelo Alcorão e a coletá-lo (do que estava escrito) em troncos de palmeiras, em pedras brancas finas e também do que homens sabiam de cor, até que eu encontrei o último Verso da Surat At-Tauba (Arrependimento) com Abi Khuzaima Al-Ansari, e não encontrei-o em nenhum outro lugar, exceto com ele. O verso é:

‘Verdadeiramente veio a vós um Apóstolo (Muhammad) dentre vós próprios. O angústia que vós podeis receber qualquer injúria ou dificuldade... (até o fim de Surat-Baraa’ (At-Tauba) (9.128-129).’ Assim os manuscritos completos (cópia) do Alcorão permaneceu com Abu Bakr até que ele morreu, e depois com ‘Umar até o fim de sua vida, e então com Hafsa, a filha de ‘Umar. (Sahih al-Bukhari, Volume 6, Livro 61, Número 509)

A palavra Árabe que Umar usou aqui para ‘perder’ é ‘zahab’. Os Xiitas também fornecem um link para o texto Árabe da citação acima, assim qualquer um pode verificar por conta própria.

Agora, se os propagandistas Muçulmanos então corretos, então isso sugere que o que realmente assustava Umar era que mais partes do Alcorão poderiam ser ab-rogadas como resultado da morte de recitadores do Alcorão no campo de batalha! Obviamente, isso não faz absolutamente nenhum sentido já que mais nenhuma nova ab-rogação poderia acontecer após a morte de Mohamed (Maomé). O que Umar temia era que os versos do Alcorão poderiam se perder com a morte das pessoas que os memorizavam. Como as palavras de Ibn Umar claramente testificam, os medos de Umar se tornaram reais já que muito do Alcorão desapareceu e não pode mais ser recuperado!

Conseqüentemente, os propagandistas Muçulmanos devem encarar a realidade de que eles jamais poderão saber com absoluta certeza que o Alcorão que possuem hoje é totalmente idêntico ao que Mohamed (Maomé) supostamente trouxe. Triste para eles é que a evidência massiva fornecida por fontes Islâmicas prova que os Muçulmanos não têm integralmente o que foi originalmente transmitido.

Outra Profecia que Falhou!

Segundo o Alcorão, Allá jurou que o preservaria de corrupção:

Nós revelamos a Mensagem e somos o Seu Preservador. S. 15:9

Não movimentes, com ele, a tua língua, para te apressares a recitá-lo. Por certo, impende-Nos juntá-lo e lê-lo. E, quando o lermos, segue sua leitura. Em seguida, por certo, impende-Nos evidenciá-lo. S. 75:16-19 – Helmi Nasr

Allá também disse que suas palavras não podem ser mudadas:

Dize: “Então, buscarei por juiz outro que Allah, enquanto Ele é Quem fez descer, para vós, o Livro aclarado?” E aqueles, aos quais, concedêramos o Livro, sabem que ele foi descido do teu Senhor, com a verdade. Então, não sejas, de modo algum, dos contestadores. E a palavra de teu Senhor cumpriu-se, em verdade e justiça. Não há quem troque Suas Palavras. E Ele é O Oniouvinte, O Onisciente. S. 6:114-115 – Helmi Nasr

E recita o que te foi revelado do Livro de teu Senhor; não há quem possa alterar Suas palavras. E não encontrarás, além dEle, refúgio algum. S. 18:27 – Helmi Nasr

Ao vermos que, supostamente, o Alcorão é a palavra eterna de Allá, isso significa que ela também não pode ser alterada.

Porém, toda a evidência dos manuscritos existentes e das fontes Islâmicas, como as declarações de Ibn Umar, mostram que Allá falhou em preservar o Alcorão contra a corrupção. A evidência conclusiva prova que a escritura Muçulmana perdeu versos e capítulos já que muitas de suas partes se perderam. Isso significa que Allá mentiu já que ele não tinha intenção de preservar seu livro ou então que ele não foi poderoso o suficiente para assegurar que ninguém pudesse corromper sua escritura. Ou ainda, isso demonstra que o Allá de Mohamed (Maomé) não é Deus e que o Alcorão não é a verdadeira palavra de Deus.

Assim, nenhuma das promessas do Alcorão é significante já que não foram feitas pelo Deus Triúno, Vivo e Soberano da Bíblia Sagrada, que mantém perfeitamente todas suas promessas e que pode ser confiado em tudo o que diz.

É o bastante dizer que esta é outra falsa promessa e outra profecia falhada de Mohamed (Maomé).


* This article is a translation of "Much of the Quran has disappeared and the Muslims can’t do anything about it!" - original

* Este artigo é uma tradução de "Much of the Quran has disappeared and the Muslims can’t do anything about it!" - original

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Palavras-chave

Mohamed, Maomé, Muhamed, Mohammed, Islã, Islam, Alcorão, Al-Corão, Quran, Korão, Al-Korão, hadith, hadice, sharia, tafsir, islamismo.


 

 

 

 

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