Respondendo ao islã

 A visão do Alcorão sobre a Bíblia

 Um guia de estudos

Por Callum Beck

Introdução

No Alcorão é feita menção do umm al kitab, ou a mãe dos Livros (3:7; 13:39; 43:4). Yusuf Ali em seu comentário diz que se refere a “... a fundação original de todas as revelações, a essência da vontade e lei de Deus (n° 1864) … a tábua preservada” (n° 4606). Se diz que este livro está com Deus. Várias vezes ele é referido como a “tábua preservada” (85:22), o “Livro lúcido” (6:59), o “Livro escrito” (17:58, 52:2-3), o “Livro de Allah” (8:75; 18:27) ou simplesmente “o Livro” (3:37).

Desse Livro eterno Deus envia suas revelações, via anjos, a seus profetas. Algumas dessas revelações são registradas, outras não, mas, a Sura 13:38 diz “a cada época corresponde um livro”. Desses livros o Alcorão menciona cinco – os rolos ou suhuf de Abraão (53:36-37, 87:19)[1], a Torá de Moisés, os Salmos de Davi (Zabur, 4:163; 17:55; 21:105), o Injil de Jesus e o Alcorão.

Neste estudo estamos interessados apenas na Torá, Zabur e Injil, e o que o Alcorão tem a dizer sobre eles. Em particular esperamos que o estudante descubra a partir de uma leitura cuidadosa dessas passagens a glória que esses livros tem, e que eles existiram de forma incorrompida durante o tempo de Mohamed.

Inicialmente presume-se neste estudo que os livros a que o Alcorão e os Muçulmanos antigos fizeram referência como sendo a Torá, Zabur e o Injil são parte do que agora é comumento chamado de Bíblia. A Torá é, provavelmente, equiparada ao Antigo Testamento e o Injil ao Novo, embora alguém possa argumentar que apenas o Pentateuco e os quatro Evangelhos são indicados. A questão que devemos fazer é, o que um Árabe Judeu dos tempos de Mohamed entenderia quando ouvisse o termo Torá, ou um Cristão Árabe quando ouvisse Injil (=evangel = evangelho = boas novas)? A resposta mais adequada seria os Livros Sagrados que estava em posse de seus líderes religiosos, i.e., o Novo e o Antigo Testamento. Que essa suposição inicial está correta será facilmente verificada por um estudo honesto das seguintes passagens.

A maioria das referência no Alcorão são para a Torá, então Injil e somente um pouco para o Sufuf (I.A.6.) e Zabur (I.C.1, 3.c, 4; III.A). Se uma referência nas sessões I.A. ou B. Abaixo estiver em texto simples, então significa que se refere apenas à Torá ou o referente não está claramente especificado; se estiver em negrito então se refere apenas ao Injil; se estiver sublinhado então se refere a ambos. [2]

I

A NATUREZA DA BÍBLIA DE ACORDO COM O ALCORÃO

A. Seus nomes

  1. Palavra de Deus (kalam Allah) - 2:75

  2. Livro de Deus (kitab Allah) - 2:101; 3:23; 5:44; 28:49

  3. O Livro (al-kitab) - 2:44,53,87,21357:25-26; etc.[3]

  4. Uma porção do Livro - 3:23; 4:44,51; 5:44

  5. O Livro esclarecedor (al-kitab al-munir)3:184; 35:25

  6. Escritos (suhuf. Lit. Folhas, páginas) - 53:36-37; 87:18-19 [4]

  7. Escrituras (Zubur) - 3:184; 16:44; 26:196; 35:25

  8. O Critério (al-furqan) - 2:53; 3:3; 21:48

  9. A Recordação (al-dhikr) - 5:13; 5:14; 16:43; 21:7,24,48,105)

  10. Sinais de Deus (ayat Allah)3:112-113; 5:44; 16:44

  11. Sinais Claros (al-bayyinat) - 2:87,159,213; 3:183-184; 16:44; 61:6 [6]


    B. Suas características

    1. Um guia e/ou misericórdia - 3:3; 5:44,46; 6:91,154; 11:17; 17:2; 23:49; 28:43; 32:23; 40:53-54; 46:12

    2. Uma luz - 5:44. 46; 6:91

    3. Uma lembrança - 28:43; 40:53-54

    4. Um exemplo - 11:17; 28:43

    5. Um aviso - 17:4

    6. Completo para aquele que pratica o bem - 6:154

    7. Mesma mensagem do Alcorão - 9:111; 46:10.

    C. Sua Revelação

    1. Os autores da Bíblia, bem como todos os profetas, se diz que eles possuem a mesma inspiração (wahy) que Mohamed tive – 4:163; 5:111 (referindo-se aos apóstolos de Cristo);[7] 7:160; 16:43; 21:7,25; 42:3. Eles também foram guiados do mesmo modo que Mohamed foi – 6:83-90 (menciona 18 personagens bíblicos).

    2. Foi descido (tanzil) de Deus - 2:4,91; 3:3; 5:44,66,68; 6:91; 29:46; 57:25

    3. Foi concedido (atayun) por Deus

    a) A Bíblia inteira[8] - 2:87; 3:84,100 & 187 ('utu); 6:89,154; 11:110; 13:36; 32:23; 45:16

    b) A Torá - 23:49; 25:35; 28:43; 40:53; 41:45

    c) O Zabur - 4:163; 17:55

    d) O Injil - 5:46; 19:30; 57;27

    4. Se diz que o Zabur foi escrito por Deus - 21:105.

    D. Sua Mensagem Universal

    1. A Torá e o Injil são “uma lembrança para os povos” - 6:90

    2. A Torá e o Injil foram enviados como “orientação para a humanidade – 3:3,4a

    3. A Torá é uma “luz e orientação para os homens” - 6:91; 28:43

    4. O Povo do Livro está sob o juramento de Deus de “evidenciá-lo aos homens e não ocultá-lo” [i.e. O Livro – 3:186, conhecido e claro para a humanidade] – 3:187

    5. É dever de todos os homens (não apenas dos Judeus) crer na Torá e no Injil (veja II.D.1,2 abaixo)

    6. Compare 2:124; 19:21 21:91.

    II

    A EXISTÊNCIA E ESTADO INCORROMPIDO DA BÍBLIA ATÉ OS TEMPOS DE MOHAMED

    A. O Alcorão diz que a Bíblia:

    1. Estava em posse de Yahya, Maria e João – 3:48; 19:12; 66:12

    2. Estava com ou em posse dos Judeus nos tempos de Mohamed – 2:41,89,91,101,140; 3:81; 4:47; 5:43; 16:43-44; 21:7

    3. Foi mostrado em público por eles – 6:92

    4. Foi ouvido por eles – 2:75

    5. Foi crido por eles – 2:85,91,121; 11:17

    6. Foi lido (qaraa) por eles e pelos Cristãos – 10:94

    7. Foi estudado (darasa) por eles e pelos Cristãos – 3:79; 6:156; 7:169

    8. Foi recitado (talawa) por eles e pelos Cristãos – 2:44,113,121; 3:93,112; “como deve ser recitado” - 2:121

    9. Esteve disponível a Mohamed – 3:93; 28:49

    10. Esteve disponível a qualquer um no tempo de Mohamed e podia ser requisitado para determinar a verdade em disputas teológicas – 3:23,93; 7:157; 26:196-197; 46:10; 53:36-38; e era usado de fato por um Judeu em comparação ao Alcorão – 46:10 (veja Ibn Ishaq, pgs. 240-241)

    B. O Alcorão diz que Judeus e Cristãos:

    1. Devem ter uma dieta equivalente aos seus respectivos livros – 5:66,68; 7:170; 19:12

    2. Devem estabelecer suas disputas não com base nos ensinos do Alcorão, mas com base em seus próprios livros – 3:23,93; 5:43-45,47-48

    3. Serão julgados no último dia não de acordo com o Alcorão, mas de acordo com seus próprios livros – 5:65-66; 45:28

    C. O Alcorão diz que Mohamed:

    1. Se ele escolher julgar os Judeus e Cristãos, deveria o fazer com base em seu próprio Livro – 5:48-49.[9] Um exemplo de como esse julgamento seria feito é dado em 5:43,45.

    2. Deve copiar a orientação que os Judeus e Cristãos receberam de Deus – 6:88-89

    3. Se ele tiver dúvida do que Deus o revelou, deve “consultar aqueles que leram o livro antes” - 6:114; 10:94; 16:43; 21:7

    D. O Alcorão diz que:

    1. Os Muçulmanos devem crer na Bíblia – 2:4,136,285; 3:84,119; 4:136; 5:59; 28:49; 29:46[10]

    2. Punição espera por aqueles que não creem na Bíblia – 2:121,211; 3:3-4,19; 4:136; 5:44; 11:17; 40:70-72

    3. O Injil confirma a Torá – 3:50; 5:46; 61:6

    4. O Alcorão confirma a verdade dos livros anteriores, que estavam com os Judeus e Cristãos nos temos de Mohamed – 2:41,89,91,97,101; 3:3,81; 4:47,136; 5:48; 6:92; 10:37; 12:111; 35:31; 46:12,130[11]

    5. Os livros anteriores podem ser consultados para confirmar a mensagem do Alcorão – 6:20; 16:43; 21:7; 26:196-197; 34:6; 43:45; 46:10

    6. A Palavra de Deus é imutável – 6:34,115; 10:64; 18:27[12]

    7. Passagens do Alcorão foram ab-rogadas, mas não há referência de que nada nos outros livros tenha sido ab-rogados – 2:106; 10:15; 13:39; 16:101; 87:6-7.

    E. O Alcorão fala dos Judeus corrompendo o sentido de seu Livro:

    Há passagens que numa primeira leitura parecem dizer que os Judeus corromperam seu Livro, mas, num exame mais cuidadoso essas ayahs na verdade sustentam a autenticidade do texto. Ele não ensinam um texto corrompido da Bíblia, na verdade alguns Judeus (Cristãos apenas em 5:14-15) corromperam o sentido [a interpretação] de seu Livro. Eles “confundiram as palavras em seus significados”. Qualquer um tem que, de fato, assumir que a Bìblia nos tempos de Mohamed estava incorrompida para que essas “passagens difíceis” possam fazer sentido. O seguinte é uma lista dessas passagens:

    2:41-44,59,72-79,85,101,140,146,159,[13]174,176,213; 3:19,24,70-71,78-79,94,187; 4:44-47; 5:13-15,41-44; 6:91; 7:162; 41:45; 62:5-6.

    Também vale a pena comparar estes ayahs com a Sura 15:90-91. Aqui se diz que o Alcorão foi feito em frangalhos, mas se aceita que o texto permaneceu incorrupto. Veja o Integrity of the Bible According to the Qur'an de Ernest Hahn, pg. 13-25, para uma maior discussão a respeito dessa “passagens difíceis.”

    III

    A BÍBLIA NO ALCORÃO

    A. Alguma citações e alusões à Bíblia feitas no Alcorão (sem incluir histórias de profetas)

    Ayat Alcorânico x Referência Bíblica

    2:60

    Exodo 17:6 [Moisés golpeando a rocha em Horebe]

    5:45

    Exôdo 21:23-25 [olho por olho]

    6:146

    Levíticos 7:3-6,23; 11:3-6 [leis alimentares]

    7:40

    Mateus 19:24 = Marcos 10:25 = Lucas 18:25 [camelo através do furo da agulha]

    2:7; 7:179

    Isaías 6:9-10; Marcos 8:17-18; Atos 28:26-27 [olhos que não veem, ouvidos que não ouvem]

    21:105

    Salmos 25:12-13; 37:11; 37:29; Mateus 5:5 [herança dos humildes]

    22:47; 70:4-7

    II Pedro 3:8-9 [dia como mil anos]

    48:29

    Marcos 4:26-29 [o reino como uma semente que cresce]

    57:1; 59:1,24; 61:1; 62:1

    Salmos 19:1; 89:5; Isaías 6:3; Romanos 1:19-20 [universo declara a glória de Deus].

    B. Alguns conflitos entre os ensinos Alcorânicos e Bíblicos

    1. A morte do filho de Noé – 11:40-46; 66:10 (cf. Gênesis 6:10; 7:7; 8:18; 9:18-19)

    2. O lugar de descanso da Arca – 11:44 (cf. Gênesis 8:4)

    3. O primeiro milagre realizado por Jesus – 19:29 (cf. João 2:11)

    4. A crucificação e morte do Messias – 4:157 (cf. Novo Testamento)

    5. Que Jesus foi apenas um profeta – 5:75 (cf. Mateus 3:17; Lucas 2:11; etc)

    6. Que Jesus não tinha conhecimento do coração do Pai – 5:116 (cf. Mateus 11:27; João 1:18; 7:29; 8:55; 10:15; 17:25)

    7. Que Deus teve um Filho – 19:35; 112:3 (cf. Lucas 1:35; João 3:16)[14]

    8. A Tri-Unidade de Deus – 5:73,116 (cf. Mateus 28:19, etc).

    CONCLUSÃO

    Este estudo força uma de várias conclusões.

  1. A suposição de alguns Muçulmanos de que as revelações pré-Corânicas se perderam é totalmente insustentável. Que a Torá, Zabur e o Injil existiram durante a vida de Mohamed é claramente e consistentemente testificado pelo Alcorão (veja sessão II acima)

  2. Que as únicas diferenças substantivas, Corânicamente falando, entre as revelações mais antigas e o Alcorão é que a última foi a revelação final para o homem. Elas possuem os mesmos nomes e características descritas a si, veem da mesma fonte e são igualmente inspiradas, e todas elas tem uma mensagem universal (veja a sessão I acima).

  3. Que, visto que, muitos Muçulmanos fazem uma distinção entre as formas originais puras dos Livros pré-Corânicos e das versões corrompidas deles em algum ponto desconhecido do tempo, o próprio Alcorão nunca faz tal distinção. Preferivelmente, ele consistentemente assume que os Livros que estavam em posse dos Judeus e contemporâneos de Mohamed são a verdadeira Torá e Injil (veja sessões II.A.9,10; II.B,C,E; II.D.1,2,4,5,6 acima).

  4. O Alcorão nunca acusa todos Judeus ou toda a Cristandade de estar corrompendo todas as cópias de suas escrituras em todos os diversos idiomas para os quais elas já haviam sido traduzidas. No máximo ele acusa alguns Árabes de distorcerem as palavras em seus significados, ou de esconder o que eles sabem sobre seu Livro, ou recusar a obedecer e a segui-lo (veja sessão II.E acima).[15] Certamente muitos Judeus, Cristãos e até mesmo Muçulmanos têm semelhantemente bagunçado suas escrituras antes e após o Alcorão, para sua própria destruição, sem dúvidas, mas, o Livro em si permanece sem modificação, porque a palavra de Deus é imutável (sessão II.D.6). É possível que muitos Muçulmanos até mesmo agora estajam inconscientemente bagunçando as palavras do Alcorão em seus significados, em seu sincero, porém equivocado, esforço para provar a corrupção da Bíblia?

    Isso leva os Muçulmanos ao topo de um dilema. É parte da fé deles crer na Torá e Injil, e não em poucas partes, mas os Livros foram fisicamente trazidos diante de Mohamed (veja #3 acima). Agora, se eles assumem que eles estavam corrompidos, então devemos concluir que Deus está pedindo que ele cresse em um texto corrompido – uma proposição totalmente inaceitável. Se ele, entretanto, assume que aquelas são cópias fiéis das revelações originais (como o Alcorão de fato faz), então como pode continuar a se recusar em lê-los para obter direcionamento espiritual ou para obedecer a suas ordens (sendo que eles, de fato, não foram substituídos pelas revelação final)?

    O último recurso para os Muçulmanos, para os quais nenhum desses pontos é aceitável, é afirmar de novo que tudo aquilo para que eles são ordenados a crer são apenas os escritos originais. Embora que muitos Muçulmanos assumam essa posição, parece-me que seja algo totalmente não-Islâmico, pelas seguintes razões:

  1. O Alcorão nunca faz distinção entre os originais puros e a Torá e o Injil que existiam nos tempos de Mohamed (veja #3 acima).

  2. Se essa distinção está nas entrelinhas do Alcorão mas nunca é explicitamente mencionada, então é uma piada cruel, porque os Judeus e Cristãos estão sendo ensinados a se apegar firmemente e a viver de acordo com seus Livros corrompidos. Além do mais, estão para ser julgados pelo modo que seguiram esses Livros corruptos (veja sessão II.B.3).

  3. Contradiz um princípio fundamental do Islã, que Deus enviou Mensageiros à humanidade de modo que o homem está inescusado diante de Allá (4:165, etc). Pois, se a Torá e o Injil estão corrompido, então os Judeus e Cristãos terão uma queixa contra Deus no dia do juízo. Porque, quando Deus perguntar “por que vocês não creram?” eles responderão: “nós cremos, nos apegamos à Torá e ao Injil como você nos exigiu, mas infelizmente nossos Livros estavam corrompidos e nós não soubemos.”

  4. Isso significa que Deus está pedindo aos Muçulmanos para crer em Livros que nenhum deles poderia jamais ver e nem ler. É uma crença sem sentido. A base é, que valor espiritual há em crer em Livros sagrados que são considerados perdidos ou corrompidos?

    À luz dos fatos que: (a) o Alcorão ensina a existẽncia incorrompida da Torá e do Injil nos tempos de Mohamed; e (b) a Bíblia é o único livro, antes e depois desse tempo, que o “povo do Livro” sempre chamou por esses nomes. Não é racional assumir que os Muçulmanos são ordenados a crer na Bíblia e que ao crer nela eles deveriam lê-la e obedecê-la, enquanto ainda mantém o Alcorão como sua revelação final?

    Uma observação final. Como um Muçulmano responderia se ouvisse um Bahai ou um Mórmom ou alguma pessoa dizendo o seguinte a ele? “Eu creio no Alcorão, eu grandemente honra seu Livro sagrado. Agora, eu nunca o li e minha religião me proibe de seguir seus ensinos, de fato nem estou certo se ele, e se existe não estou tão certo se os Muçulmanos o modificaram. Mas, eu quero que você saiba que eu creio nele, é um ponto importante da minha fé!?” Um Muçulmano com certeza acusaria o homem se ser o que ele é, um hipócrita. Talvez isso possa ajudar os Muçulmanos a entenderem porque os Cristãos e Judeus prefeririam ver um Muçulmano lendo e obedecendo seus Livros, melhor do que ficar delicadamente empetrando uma crença vazia a eles, especialmente quando seu próprio Livro sagrado parece guiá-los à mesma direção.

    BIBLIOGRAFIA

    As citações do Alcorão foram extraídas da versão onlinehttp://www.myciw.org/modules.php?name=Alcorao.

    Hahn, Ernest & Ghiyathuddin Adelphi. The Integrity of the Bible According to the Qur'an and the Hadith. Hyderabad, India: Henry Martyn Institute of Islamic Studies, 1977.

    Ibn Ishaq. The Life of Muhammad (Sirat Rasul Allah). Translated by A. Guillame. New York: Oxford University Press, 1955. Pp 247-277.

    APÊNDICE

"O Testemunho de Ibn Ishaq na Existência e Integridade da Bíblia na Vida de Muhammad"

Ibn Ishaq foi o biógrafo mais antigo de Muhammad. Nas páginas 247-270 de seuVida de Muhammad ele faz um comentário corrente sobre muitos versos relacionados à questão deste artigo, enfocando especialmente nas ocasiões das suas revelações. Abaixo estão alguns destes comentários, com as referências do Alcorão e as referências à página de Ibn Ishaq entre parênteses. Os pensamentos-chave em cada referência estão em negrito.

... [Os judeus] descrêem que tu [Muhammad] és mencionado (nos livros) que eles têm... Eles descrêem no que veio a ti e no que eles já têm que os outros lhes trouxeram... (2:4-6, p 248).

... não esconda o conhecimento que você tem sobre meu apóstolo e o que ele te trouxe já que você encontrará isso naquilo que você sabe dos livros que estão em suas mãos … você proibiria os homens de descrerem na profecia que vocês têm … você contradiz o que você saber estar em Meu livro (2:43-44, pg. 250)

[Ibn Ishaq diz da sura 2:75] “quem ouve a palavra de Deus … a Torá” [refere-se a um incidente na história Judaica quando alguns dos líderes Judeus disseram a Moisés que queriam ouvir a Deus quando Ele falasse com ele (cf sura 2:55). Então Moisés os levou montanha acima e eles ouviram e entenderam a voz de Deus]. Então ele voltou com eles aos Filhos de Israel e quando tornou a eles um grupo modificou os mandamentos que haviam recebido; e, quando Moisés disse aos Filho de Israel, “Deus os ordenou a fazer isso e isso,” eles o contradisseram e disseram que Deus ordenou outras coisas. É a eles que Deus se refere. [O paralelo Bíblico mais próximo a essa história que eu acho é o de Exodo 24:1-11, embora haja muitas discrepâncias nos dois relatos. Ibn Ishaq parece entender (talvez corretamente) v. 2:75 como a conclusão do pensamento iniciado no verso 2:55, referindo-se especialmente à frase do 2:59 que os Judeus “mudaram as palavras que haviam sido dadas a eles.”] (Pg. 251)

Então Deus os condenou por aquilo que estavam fazendo, tendo Ele os proibido na Torá de derramar o sangue alheio e obrigando-os a libertar seus prisioneiros … eles [duas tribos de Israel] derramaram o sangue um do outro enquanto a Torá estava em suas mãos, de modo que sabiam o que lhes era permitido e o que lhes era proibido … quando a guerra chegou ao fim, eles remiram seus prisioneiros em acordo com a Torá … Deus disse condenando-os por isso: “Vocês crerão numa parte das Escrituras e não crerão em outra parte?” [2:85] i.e. Vocês libertarão seus prisioneiros segundo a Torá e os matarão enquanto a Torá os proibe de fazer isso … (2:83-86, pg 253);

O apóstolo escreveu aos Judeus de Khaybar …: 'Em nome do Deus de compaixao e misericordioso, de Mohamed o apóstolo de Deus, amigo e irmão de Moisés que afirma o que Moisés trouxe. Deus os diz, Ó amigos da escritura, e vocês encontrarão isso em sua escritura, “Mohamed é o apóstolo de Deus; e todos com ele são severos contra os descrentes, misericordiosos entre eles próprios. Tu os vê se curvando, se prostrando procurando pelo favor e aceitação de Deus. A marca de sua prostração está em suas testas... Se vocês não encontram isso em sua escritura, então não há obrigação sobre vocês. “O caminho direito se tornou evidentemente distinguido do erro” [2:256] (pg. 256).

[Alguns judeus e os cristãos disputaram diante de Muhammad, acusando um a outro de não ter nenhuma posição diante de Deus. Os judeus negaram Jesus e o Evangelho, enquanto os cristãos negaram Moisés e a Torá] Portanto o Deus enviou a eles [sura 2:113], isto é cada um lê no seu livro a confirmação do que o outro nega, pois que os judeus negam a Jesus embora eles tenham a Torá no qual Deus exigiu deles pela palavra de Moisés que recebessem a Jesus em verdade; enquanto no Evangelho está o que Jesus trouxe em confirmação a Moisés e a Torá, ele trouxe de Deus: portanto cada um nega o que está na mão do outro (p 258).

[Alguns Muçulmanos] questionaram alguns rabis Judeus sobre algo na Torá eeles ocultaram isso deles e se recusaram a dizer-lhes qualquer coisa sobre isso. Então Deus trouxe-lhes [a sura 2:159]. (P. 259)

O Apóstolo entrou uma escola Judaica … e os chamou a Deus. [Ele foi perguntado], “Qual é sua religião, Muhammad?” “A religião de Abraão.” [Eles se ajuntaram] “Mas, Abraão é Judeu.” [ Muhammad diesse] “Então deixem a Torá julgar entre nós.” Eles se recusaram e, então, Deus enviou a respeito deles [sura 3:23-24]. (Pg. 260)

Abu Bakr chamou [um rabi Judeu, Finhas] para … se tornar um Muçulmano porque ele sabia que Muhammad era um apóstolo de Deus … e que eles encontrariam isso escrito na Torá e no Evangelho (pg. 263).

[Um casal Judeu foi pego em adultério. Alguns rabinos enviaram eles e outros a Muhammad dizendo, se ele prescrever tajbih (uma forma menor de punição) ele é um rei e o seguiremos, mas se ele prescrever o apedrejamento, então ele é um profeta. O apóstolo foi então ter com os rabinos e pediu que eles trouxessem seus homens mais entendidos. Então ele perguntou] Abdullah b. Suriya, … o homens vivo mais entendido da Torá … se a Torá não prescreve o apedrejamento para os adúlteros. “Sim,” ele disse, … Então ele [Muhammad] disse: “Eles mudam as palavras de seus lugares, dizendo, se isso te for concedido, recebe-o, e não for concedido a você, i.e. o apedrejamento, cuidado, ...”

NOTAS FINAIS

[1] Ibn Ishaq (pg 265) relata uma história sobre a ocasião da revelação da sura 4:51-54. Alguns rabinos Judeus foram trazido diante dos Curaixitas pagãos e foram apresentados como “os colegas que possuem o primeiro Livro.” Aqui o “primeiro” sugere que Abraaão de fato não recebeu nenhum Livro, e que talvez Suhuf se refere apenas ao Gênesis? Note que a sura 4:54 fala do Livro dado ao povo de Abraão, mas na verdade não ao próprio Abraão. As duas referências ao Suhuf (53:36-37, 87:19), entretanto, parecem não deixar dúvidas de que Abraão recebeu um livro, mesmo que aqui os escritos de Abraão estão indissoluvelmente conectados a esses de Moisés.

[2] Para aqueles que prefeririam ler esses versos em seu contexto e na consecutiva ordem do Alcorão, o que se segue são perícopes dos versos referidos neste estudo:

2:4, 41-159, 174-176, 211-213, 285;

3:3-4, 7, 19-25, 48-50, 64-84, 93-94, 110-113, 119, 181-189;

4:44-54, 136, 162-165;

5:12-20, 41-50, 57-77, 110-111;

6:20-21, 33-34, 83-93, 114-115, 154-157;

7:157-171;

9:111;

10:15, 37, 64, 94-95;

11:17,110; 12:111; 13:36-39; 15:90-9; 16:43-44,101; 17:2-4,55; 18:27; 19:12,30;

21:7,24-25,48,105; 23:49; 25:35; 26:196-197; 28:43,48-53; 29:46;

32:23; 35:24-25,31-32;

40:53-54,70; 41:45; 42:3,13-14; 43:45; 45:16; 46:10-12,30;

52:2-3; 53:36-38; 57:25-29;

61:6; 62:5-6; 66:12;

87:6-7, 18-19.

[3] Veja também 3:19-20,78-79,186-187; 4:54,136; 5:48,110; 6:89,91,154,156-157; 7:169; 10:94; 11:110; 13:36; 17:2,4; 19:12,30; 23:49; 25:35; 28:43,52; 32:23; 40:53; 42:14. Note também muitas referências ao “povo do Livro”.

[4] Tanto os livros de Abraão e de Moisés são chamados de suhuf nessas passagens, e no segundo também é chamado de “antigos escritos” (al suhufi al 'ulay).

[6] “Sinais claros” se refere à revelação dada a Moisés e Jesus ou aos poderes miraculosos que Deus lhes deu, ou a ambos? Mais estudo é necessário aqui.

[7] O Alcorão diz que Deus “apontou a Profecia e o Livro como estando entre a semente deles [i.e., de Noé e Abraão] (29:27; 57:26; 4:54). Não é de se surpreender ver o Alcorão se referir a tantos Profetas Judeus e suas Revelações. Enquanto a Bíblia inteira é dada por Deus, menções também são feitas em partes específicas da Bíblia. A Lei de Moisés, os Salmos de Davi e os Evangelhos são claramente referidos, mas também parecem ser alusões a outras partes da Bíblia.

[8] I.e., as escrituras dadas a Moisés e Jeus e a seus seguidores, o que qualquer um só pode presumir como sendo a Bíblia (veja a Introdução, parágrafo 4)

[9] Literalmente, “por aquilo que Allah revelou.” Isso se refere à escrituras anteriores, ao Alcorão ou a ambos? Linguisticamente, o antecedente pode ser qualquer um, mas o contexto da sura 5:41-50 nos força a interpretar “o que Allah revelou” como sendo a Torá e o Injil.

[10] Aqui temos de assumiu que o Alcorão está dizendo aos Muçulmanos para crer em livros corrompidos ou em livros que não existem mais? Ou melhor, não está dizendo-lhes para crer em livros que continuam fiéis à sua mensagem original e ainda muito acessível nos tempos de Mohamed? Além do mais, está os mandando crer nesses livros, mas não lê-los, ou então crer neles mas não os obedecert? Não podemos perguntar qual é o valor espiritual de crer em um livro sagrado que está tanto perdido quanto corrompido, e que não pode ou não deve nem ser lido ou obedecido? Isso não nos leva, pra falar a verdade, a crer em absolutamente nada?

[11] Note a sura 2:88-91. Os Judeus se orgulham de que podem preservar a Torá, mas Deus diz que é impossível porque seus corações são malvados. Assim, é Deus e o Alcorão que são só responsáveis por preservar e confirmar a verdade das revelações mais antigas.

[12] Um exame cuidado do contexto de cada uma dessas passagens mostra quekalimat (= palavras) aqui deve ser entendido literalmente, e não no sentido de decreto, como as vezes kalimat é usado.

[13] Sura 2 até o verso 152 parece dizer respeito aos Judeus descrentes. Do verso 153 adiante, entretanto, o descrente dos Árabes politeístas parece estar por trás do contexto. Isso significaria que o Livro referido nos versos 159, 174 e 176 são o Alcorão. Ibn Ishaq (pg 259), entretanto, diz que o verso 159 foi revelado em relação aos Judeus.

[14] Provavelmente é justo dizer que essa contradição é mais aparente do que real, porque a palavra “gerar” parece carregar diversos sentidos em cada um dos respectivos livros.

[15] Com este ponto o testemunho de Ibn Ishaq (páginas 247-270, em particular páginas 251 & 267) quanto às circunstâncias que rodeiam a revelação de muitas das "passagens difíceis" está total acordo. Ver o Apêndice para uma amostra deste testemunho. 


Tradutor: Wesley Nazeazeno

* Este artigo é uma tradução de "The Qur'an’s View of the Bible" - original here.

* This article is a translation of "The Qur'an’s View of the Bible" - original here.

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Palavras-chave

Mohamed, Maomé, Muhamed, Mohammed, Islã, Islam, Alcorão, Al-Corão, Quran, Korão, Al-Korão, hadith, hadice, sharia, tafsir, islamismo.

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