Resposta ao 'Jesus, um Profeta do Islão'
Wesley Nazeazeno
O Propósito deste artigo
Por diversas vezes ao participar de debates em fóruns na internet algum Muçulmano apresentou algum argumento extraído do livro “Jesus, um Profeta do Islão” de autoria de Muhammad Àta Ur-Rahim. Até nos parece que este livro seja tratado por polemizadores Muçulmanos como o Santo Graal de sua argumentação anti-Cristã.
Muito embora tal obra seja frequentemente utilizada, ainda não pudemos ver nenhuma só vez algum Muçulmano a analisando friamente ou se quer pondo em dúvida qualquer um dos argumentos nele apresentados. Aquilo que o livro diz parece uma verdade tão plena e tão absoluta que os Muçulmanos simplesmente desistem de querer averiguar os fatos e ingerem cada palavra com a mais plena certeza de estarem se alimentando com alimento fresco e saudável.
Isso não é verdade. O objetivo deste artigo é mostrar como Rahim não agiu de boa fé em sua obra. Durante toda a obra o que se notará é a ausência de fontes confiáveis que comprovem os argumentos apresentados, se notará grandes equivocos causados por desconhecimento e também contradições.
Não nos fixaremos em pontos e em capítulos que tratem sobre temas tipicamente Islâmicos, como por exemplo a visão de Jesus dentro do Alcorão. Nós nos ateremos a responder as falácias apresentadas e a expor a verdade as acusações contra o Cristianismo apresentadas por Rahim.
Pedimos que todos façam uso de um olhar verdadeiramente crítico e analisem à luz dos fatos e documentos históricos cada argumento apresentado neste artigo e no livro que estaremos analisando.
Cap. 1 - A doutrina unitária e o cristianismo
O primeiro capítulo do livro de Rahim tem por objetivo provar que o Cristianismo em seus tempos mais antigos, não cria na Trindade, mas sim no Unitarismo. Rahim diz:
“a crença inicial num só Deus veio a corromper-se, tendo-se aceite então a Doutrina da Trindade, a qual deu origem a uma confusão que afastou cada vez mais o homem da serenidade intelectual.”
O que Rahim está argumentando aqui, como o fará em todo seu livro, é que o Cristianismo teria nascido puro sob Cristo, mas que tão logo Cristo “desapareceu” seus seguidores começaram a se corromper. Isso levou ao abandono das doutrinas e crenças verdadeiras, fazendo-os, supostamente, originar novas doutrinas.
Logo em seguida, para confirmar sua afirmação anterior, cita a obra O Pastor de Hermas, que, conforme ele diz, teria sido escrito por volta de 90 d.C. Ele cita o primeiro mandamento do livro:
“Primeiro que tudo, acreditem que Deus é um só e que criou todas as coisas e organizou-as e do que não existia fez tudo existir, e Ele contém tudo mas nada O contém a ele...”
De fato, o verso é verdadeiro e, devemos dizer, em nada se opõe ao que os Cristãos pensam! Infelizmente, os Muçulmanos pensam que a Trindade é um aglomerado de três deuses que os Cristãos idolatram, o que não é verdade. Os Cristãos respondem em uníssono que acreditam em um Deus só! Mas, mais importante do que responder nossa concepção sobre a Trindade, vamos nos ater neste momento ao que O Pastor de Hermas diz em sua totalidade sobre Deus. Mas, antes, devemos dizer que de fato os Cristãos tinham na mais elevada estima essa obra, tendo ela sido um importante guia para muitos dos Cristãos antigos. A doutrina que o livro apresenta é, essencialmente, a mesma que os Cristãos têm mantido até hoje. Comprovemos o que o livro diz:
Porque o Senhor jurou por seu Filho: aqueles que renegarem o seu Senhor, perderão sua própria vida, como também aqueles que estão dispostos a renegá-lo nos dias futuros. Quanto àqueles que o renegaram antes, o Senhor, em sua grande misericórdia, tornou-se propício para eles. (O Pastor, Visão II, verso 67-69)
Escuta. Essa grande árvore que cobre planícies, montanhas e toda a terra, é a lei de Deus dada ao mundo inteiro, e essa lei é o Filho de Deus anunciado até os confins da terra. Os povos que se encontram debaixo da árvore são aqueles que ouviram o anúncio e creram. (O Pastor, Parábola VIII, versos 318-320)
Eu perguntei: “Antes de tudo, explica-me o que representam a rocha e a porta.” Ele me respondeu: “A rocha e a porta são o Filho de Deus.” Eu continuei: “Como é que a rocha é antiga e a porta é recente?” Ele explicou: “Escuta, homem insensato, e compreende. O Filho de Deus nasceu antes de toda a criação, embora ele tenha sido o conselheiro de seu Pai para a criação. E por isso que a rocha é antiga.” Eu lhe perguntei: “E por que a porta é nova, senhor?” Ele respondeu: “Por que ele se manifestou nos últimos dias da consumação. Aporta foi feita recentemente, para que os que devem salvar-se entrem por ela no Reino de Deus … Da mesma forma que não poderias entrar na cidade a não ser pela sua porta, também o homem não pode entrar no Reino de Deus senão pelo nome de seu Filho amado. ” (O Pastor, Parábola IX, verso 372-373)
O nome do Filho de Deus é grande, imenso e sustenta o mundo inteiro. Se toda a criação é sustentada pelo Filho de Deus, o que pensar então daqueles que foram chamados por ele, que levam o nome do Filho de Deus e andam conforme os seus mandamentos? (O Pastor, Parábola IX, verso 366)
Assim, tal como os Cristãos de todos os tempos, O Pastor declara haver um só Deus, mas que este Deus tem um Filho eterno, não-criado, Soberano, sendo a representação física de toda a Plenitude do Pai.
Rahim intencionalmente menciona apenas um trecho do livro que, fora de seu contexto, parece contradizer o que os Cristãos pregam. Isso cria imediamente nos Muçulmanos uma sensação de reprovação aos Cristãos por não seguirem aquilo que os primeiros Cristãos pregavam! Rahim agiu honestamente em sua citação? Certamente que não. E, estejam avisados de que ele o faro por toda a sua obra.
Após mencionar O Pastor, Rahim argumenta que a doutrina da Trindade só foi declarada ortodoxa em 325 d.C. e cita Atanásio como pai dessa doutrina, embora, segundo ele, o próprio Atanásio não estaria tão seguro de seu ensino. Citando Atanásio:
“sempre que forçava a inteligência na meditação da Divindade de Jesus confrontava-se com a ineficácia dos seus porfiados esforços, acontecendo que, quanto mais escrevia, menos capaz era de expressar os seus pensamentos … Não existem três, mas um ÚNICO DEUS”.
Primeiramente, Rahim não está, de certa forma, errado ao dizer que a Trindade só foi declarada ortodoxa em 325. No entanto, antes dessa ano, os Cristãos do mundo inteiro já criam na absoluta e plena divindade de Jesus, o Filho de Deus! O que não havia ainda era apenas um papel transcrevendo aquilo que era de aceitação universal no Cristianismo, isto é, que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são um só Deus, uma só essência divina. Mais adiante veremos como os Cristãos antigos sempre defenderam isso, muito antes de 325. E, ademais, o que Atanásio quer dizer com suas palavras não é o que Rahim disse. Atanásio não está duvindando da divindade de Jesus. Ele está dizendo que embora seja fácil afirmar que Jesus é Deus, é difícil compreender como isso funciona. Isso porque, em seu contexto real, Atanásio tentava entender em termos metafísicos como é possível haver três mentes distintas, mas interligadas, numa só essência. Esses esforços para compreender tal assunto é que o assombravam. Não por duvidar, mas crer que, verdadeiramente, a natureza de Deus não pode ser tão simples como a nossa. O Ser Divino jamais pode ser assimilidado pela mente humana porque o homem compreende aquilo que é físico, material, mas Deus não é físico e nem material. Assim, embora o homem não possa explicar como funciona a Trindade, ele evidentemente contempla o quão divino é o Pai, Filho e o Espírito Santo.
Cap. 2 – Jesus numa perspectiva histórica
A respeito deste capítulo, não temos muito a expor porque o que Rahim faz é citar fontes Islâmicas na maior parte do tempo. Como o propósito deste artigo não é refutar as fontes Islâmicas em si, serei breve e me aterei a alguns poucos pontos que considero importantes.
Como faz por toda sua obra, Rahim insiste em dizer que as Escrituras Cristãs foram adulteradas para que as novas doutrinas inventadas pudessem ser aceitas pelos Cristãos. Para provar a adulteração das Escrituras, Rahim diz que há uma discrepância sobre a genealogia de Jesus entre Mateus e Lucas. Mateus apresenta 26 nomes entre Adão e Jesus, ao passo que Lucas apresenta quarenta e dois. O fato de um omitir diversos nomes não indica contradição. E Rahim chega a dizer que há uma lacuna de seiscentos e quarenta anos entre os dois registros.
Para explicar a razão da diferença dos nomes listados por cada autor, cito Eusébio de Cesaréia, o qual será defendido por Rahim como um autêntico Cristão em seu livro:
Era costumeiro em Israel calcular os nomes das gerações, ou de acordo com a natureza ou de acordo com a lei: de acordo com a natureza, pela sucessão de filhos legítimos; de acordo com a lei, quando outro criava filhos em nome de um irmão que houvesse morrido sem deixar filhos. Pois uma vez que a esperança de uma ressurreição ainda não fora claramente dada, imitavam a promessa que se cumpriria por um tipo de ressurreição mortal, com vistas a perpetuar o nome da pessoa que morrera. Portanto, alguns dos que estão inseridos nesse quadro genealógico sucedem-se uns aos outros na ordem natural de pai e filho; alguns, repetindo, nasceram de outros, tendo sido atribuídos a outro pai por nome, tendo sido registrados tanto os pais reais quanto os atribuídos. Assim também, os Evangelhos não fizeram declarações falsas, quer calculando pela ordem da natureza, quer de acordo com a lei. Visto que as famílias descendentes de Salomão e de Natã foram de tal maneira misturadas por substituições em lugar dos que haviam morrido sem filhos, de acordo com casamentos e perpetuação de descendência, as mesmas pessoas são devidamente consideradas em um aspecto pertencente a uma delas e em outro aspecto à outra. Assim é que ambos os relatos são verdadeiros, ou seja, dos que foram considerados pais, e dos que realmente foram pais, e chegam a José com considerável complexidade, é verdade, mas com grande precisão.(Eusébio de Cesaréia., “História Eclesiástica”. Livro I, cap. VII – Versão Online)
A citação de Eusébio basta para mostrar que não erro entre os dois autores, mas apenas enfoques diferentes.
Logo adiante, Rahim atinge um dos pontos altos de sua tolice ao mencionar os Manuscritos do Mar Morto. Ele argumenta que descoberta desses manuscritos “desabou sobre todo o mundo intelectual e eclesiástico como uma tempestade”. Isso está muito longe da verdade. Os Manuscritos do Mar Morto foram uma grande benção para Cristãos e Judeus, pois eles mostraram como a Bíblia Sagrada que temos em nossas mãos era muito confiável. Esses manuscritos não contradisseram em nada o que temos. De fato vieram a enriquecer ainda mais a fonte de manuscritos antigos que os estudiosos usam. Se, de fato, tal descoberta foi um 'desastre' para o mundo eclesiástico, propomos que algum Muçulmano possa nos mostrar de que forma tal descoberta prejudicou ou contradisse o que já possuímos. Faço esse desafio porque Rahim não mostrou a razão desse suposto 'desabar'. Além do mais, Rahim parece não saber que, na verdade, dentro os 900 manuscritos do Mar Morto encontrados, nenhum é referente a textos Cristãos, isto é, nada havia do período pós-Cristo, exatamente porque a comunidade dos Essênios que lá moravam era uma comunidade sectária do Judaísmo, não do Cristianismo.
Perto do fim deste capítulo, Rahim cita Cerinto, contemporâneo de Pedro, Paulo e João como um Cristão que negava a ressurreição de Jesus. Ele cita Cerinto para corroborar com o ensino do Alcorão de que Jesus não ressuscitou e nem morreu, mas que Allá o fez desaparecer.
É importante relatar que Cerinto foi um dos mestres do gnosticismo. Embora ele nega-se a ressurreição de Cristo (o que muito agrada Rahim), ele nem se quer chegava perto de concordar com o que o Alcorão diz. Para Cerinto, o mundo físico não foi criado por Deus, mas por anjos que nem ao menos tinham conhecimento do próprio Deus, mas que usavam o poder divino independente do próprio Deus, o que ele chamava de 'demiurgo'. Para o Alcorão e a Bíblia Sagrada, Jesus veio através de um nascimento milagroso realizado pelo Espírito Santo (embora para os Muçulmanos o Espírito fosse um anjo, não o próprio Deus); mas, para Cerinto, o nascimento de Jesus foi totalmente natural. O Cristo em si já existia antes de Jesus, mas desceu sobre o Jesus homem na ocasião de seu batismo.
Como se vê, Rahim cita um autor contrário aos Cristãos simplesmente para induzir o leitor a pensar que havia Cristãos nos tempos antigos que eram autênticos e que se opunham à maioria depravada. Isso não é verdade. O autor que ele cita também se opõe à doutrina Islâmica, o que torna a argumentação de Rahim leviana e inválida.
Cap. 3 – O Evangelho de Barnabé
Aqui no Respondendo ao Islã há um bom artigo que fala muito sobre o Evangelho de Barnabé. Sua leitura é recomendada. Podem lê-lo aqui.
Logo no começo, após confundir o verdadeiro Evangelho de Barnabé com um pseudepígrafo feito na Era Medieval, Rahim diz que em 325 d.C. no Concílio de Nicéia foi dada a ordem para destruir todos os Evangelhos, incluindo o de Barnabé e os escritos em Hebraico. Embora não haja qualquer prova para essa invenção, essa é uma ideia muito divulgada pelos Muçulmanos, pois assim conseguem tornar a Bíblai que temos hoje como falsa. Se isso ocorreu mesmo, por que ninguém fornece qualquer prova real? A única coisa que há são argumentos de polemizadores, mas nenhum evidência histórica e documental. Aliás, os Cristãos sempre valorizaram muito as Escrituras e sempre a preservaram com todas as forças ao ponto de até morrer pela fé que eles tinham em seus corações. Não faz o menor sentido dizer que esses mesmos Cristãos que morriam por sua fé em Jesus falsificaram os Evangelhos e destruiram outros. É totalmente irracional e ilógico. O Concílio de Nicéia jamais fez qualquer menção de destruir este ou aquele livro. Qualquer um pode ler na íntegra todo o teor do Concílio aqui.
Rahim mostra-se mais uma vez um mal acadêmico ao dizer que a palavra apócrifo significa “escondido do povo”. Faz isso com o propósito de provar que os livros que os Cristãos t?m como apócrifos são livros que a Igreja quis 'esconder do povo'. Mas uma vez, Rahim não sente remorsos ao mentir.
O termo vem do grego ?????????, e que significa 'oculto', mas não por ter sido ocultado do povo! O que caracteriza algo como apócrifo é sua autoria. Os livros apócrifos possuem a autoria incerta, desconhecida. Sendo assim, é apócrifo o livro cuja autoria é incerta ou desconhecida.
Barnabé, amigo de Paulo e um dos maiores Cristãos primitivos escreveu sim um livro, mas este não foi preservado. A única porção de seu texto que resta é um fragmento muito pequeno. Há uma outra obra que tentar usurpar-se do título de 'Evangelho de Barnabé', mas esta é uma fraude totalmente incoerente. O verdadeiro Barnabé cria na divindade de Jesus, em sua morte, sua ressurreição e em todo o que os demais Cristãos creem. Ele e Paulo andaram juntos e se separaram apenas por discordarem a respeito da companhia de Marcos, o qual os havia abandonado em outra ocasião. Sua discordância nunca foi sobre doutrinas. Ambos criam nas mesmas coisas e pregavam juntos a mesma fé.
No capítulo V veremos mais sobre Barnabé e os primeiros Cristãos. O capítulo IV será ignorado porque seu teor já foi mencionado anteriormente.
Cap. 5 – Barnabé e os primeiros Cristãos
Já em seu primeiro parágrafo, Rahim diz que “[Barnabé]... se pôs ao inovadores, nomeadamente, a Paulo de Tarso.” Nós perguntamos: qual é o fundamento e com que autoridade o autor diz que Barnabé se opunha a Paulo? Isso é fato histórico? Onde estão os fundamentos para tal?
Na realidade, o que ocorria era o oposto. Paulo e Barnabé eram muito unidos e Barnabé apoiava completamente a Paulo, tal como Paulo apoiava a Barnabé. Sua única discordância foi sobre uma companhia em uma jornada, isto é, se tal companhia deveria ou não ir com eles mesmo depois de tê-los abandonado em outra viagem. Quanto às doutrinas, ensinos, métodos e tudo mais que envolva a fé Cristã, jamais houve qualquer discordância.
A atitudade adotada por Rahim na maior parte de seu livro é absurda. O que ocorre seria o mesmo que um Cristão argumentasse que Aisha odiava a Mohamed e que tentou matá-lo duas vezes. Seria uma história sem fundamento com o intuíto único de tentar desmoralizar ou desacreditar alguém.
Vejamos alguns registros de como era o relacionamento de Paulo e Barnabé:
Então Barnabé, tomando-o [Paulo] consigo, o trouxe aos apóstolos, e lhes contou como no caminho ele vira ao Senhor e lhe falara, e como em Damasco falara ousadamente no nome de Jesus. Atos 9:27
Então toda a multidão se calou e escutava a Barnabé e a Paulo, que contavam quão grandes sinais e prodígios Deus havia feito por meio deles entre os gentios. Atos 15:12
Pareceu-nos bem, reunidos concordemente, eleger alguns homens e enviá-los com os nossos amados Barnabé e Paulo. Atos 15:25
E Paulo e Barnabé ficaram em Antioquia, ensinando e pregando, com muitos outros, a palavra do Senhor. Atos 15:35
Depois, passados catorze anos, subi outra vez a Jerusalém com Barnabé, levando também comigo Tito. Gálatas 2:1
O que vemos é um dupla que pregou por muitos anos juntos, que foram espancados juntos, que realizaram milagres em nome de Jesus juntos, que, enfim, eram autênticos irmãos. Não nenhum registro que indique ou prove que Barnabé era inimigo de Paulo, absolutamente nenhum. Então, enquanto nenhum Muçulmano oferecer prova autêntica do contrário, este argumento mantem-se mentiroso.
Em certo ponto, Rahim diz:
Sem o apoio que Barnabé deu a Paulo nos primeiros tempos da Igreja, Paulo poderia não ter chegado a desempenhar qualquer papel na história da Cristandade.
A isso concordamos totalmente. O apoio de Barnabé foi vital para o ministério de Paulo. Ambos por longos anos, como já dissemos, pregaram e caminharam juntos. Mas, essa opinião de Rahim fere sua própria argumentação. Rahim havia dito antes que “[Barnabé]... se pôs ao inovadores, nomeadamente, a Paulo de Tarso.” e agora diz que sem o apoio de Barnabé, Paulo não teria sido quem foi. Disso só podemos concluir que:
1 – Paulo era má pessoa, então, se Barnabé o apoiava, Barnabé também era mal;
2 – Paulo era boa pessoa, por isso Barnabé pregava a mensagem de Jesus com ele.
É totalmente incoerente dizer que Barnabé se opunha a Paulo por ser 'inovador' e depois dizer que Barnabé apoiava a Paulo nos primeiros anos da Igreja. Ambos andaram por pelo menos 15 anos (Gálatas 2:1) juntos. Um conhecia perfeitamente o outro. Aqui está mais evidente que Rahim não se preocupa em relatar a verdade, mas está interessado tão somente em defamar a Paulo para que, assim, possa defamar a Bíblia Sagrada.
Pouco adiante, lemos no livro de Rahim:
[os primeiros Cristãos] … aceitavam, sem qualquer dúvida, que Jesus fora um homem e um Profeta a quem Deus tinha dado muitos dons; e não havia nada nas palavras ou nos acontecimentos da vida terrestre de Jesus que os tivesse levado a modificar essa certeza.
Mais uma vez concordamos com Rahim. Os únicos que discordavam desses pontos eram os adeptos de seitas filosóficas, como os Agnósticos. Mas, o que Rahim omite ou não sabe é que estes mesmos Cristãos que reconheciam a total humanidade de Jesus, também reconheciam sua plena divindida. Para eles, Jesus era o próprio Deus que se fez homem para nos mostrar como viver uma vida satisfatória e para, por fim, morrer por nós para que nós não precisassemos morrer por nossos próprios pecados. Isso era unânime. Isso era já nos temos mais remotos a doutrina da Trindade, mas sem ter ainda o título de Trindade.
Para provar isso, diferentemente do autor, vamos mostrar provas que são citações de antigos:
Inácio de Antioquia (110 d.C.)
“Oro por sua eterna felicidade em nosso Deus, Jesus Cristo.” (Carta de Inácio a Policarpo, cap. VIII).
“... o Filho de Deus concorde à vontade e poder de Deus.” (Carta de Inácio aos Esmirneanos, cap. I)
“... em nome de Jesus Cristo, em sua carne e em seu sangue, em sua paixão e ressurreição, tanto carnal quanto espiritual.” (Carta de Inácio aos Esmirneanos, cap. XII)
Irineu (185 d.C.)
“Ele [Jesus] é o Santo Senhor, o Maravilhoso, O Conselheiro, o de Bela aparência e Deus Poderoso, vindo nas nuvens como juíz de todos os homens; - todas as essas coisas foram profetizadas sobre Ele nas Escrituras.” (Contra as Heresias, livro 3, cap. XIX, n° 2)
Didaquê (124 d.C.)
Este livro conhecido como a tradição oral dos Apóstolo orienta:
“então batize em água corrente em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. (Didaquê, cap. VII)
Há muitas outras citações, centenas delas, mas que não são necessárias neste momento. Pouco adiante mais delas serão dadas como resposta às mentiras de Rahim sobre importantes Cristãos antigos. Para acesso a estes textos e a outros mais, acesse este site.
Em seguida, Rahim narra uma história sobre Paulo ter se apaixonado por uma mulher chamada Popea, a qual o rejeitou e fez com que ele, sob esgotamento emocional, passasse a odiar os Judeus. Mais uma vez suplicamos por boas fontes que comprovem este fato. Tal história não é verdadeira e carece de provas. É grande irresponsabilidade fazer tais acusações e apresentar tais teorias sem provar que seja verdade.
O que vem logo em seguida é uma sucessão de afirmações descabidas ou fora de seu contexto. Rahim passa a argumentar que Barnabé comoçou a se opor a Paulo porque ele começou a pregar doutrinas novas. Ainda diz que os dois brigaram por causa dessas doutrinas. O que aconteceu em seguida foi que, para Rahim, Marcos decidiu seguir a seu tio Barnabé por terem a mesma crença, isto é, uma crença diferente da de Paulo. Chega a dizer que Barnabé havia sido escolhido pelo Espírito Santo (Atos 13:1-2), mas que Paulo o rejeitou mesmo assim, talvez para se livrar de Barnabé que o reprimia sempre que Paulo se desviava dos preceitos de Jesus.
O que realmente aconteceu e que Rahim sabe, mas maldosamente ignora, é que Paulo e Barnabé não brigaram por questões doutrinárias. Como já dissemos e pode ser lido em Atos 15, a diverg?ncia entre eles foi porque Barnabé queria levar com eles para a viagem a Marcos, o qual já havia os abandonado em outra viagem. Paulo achava que não deviam levá-lo, pois necessitavam de alguém com muito comprometimento. A discussão foi apenas por isso, por nenhuma outra razão. Marcos não seguiu a Barnabé por ter crenças diferentes de Paulo, mas seguia a Barnabé porque o próprio Barnabé é que queria levar a Marcos. No entanto, ambos jamais deixaram de ser amigos, pelo contrário, eram amigos que tiveram apenas uma grande discordância, mas que continuavam se respeitando imensamente, tanto é que Marcos futuramente se unirá a Paulo outra vez. Para que não haja dúvidas sobre isso e para desfazer as mentiras de Rahim, leia este artigo.
Rahim chega até a dizer que “talvez Barnabé se desse conta da inutilidade de tentar difundir entre os Gentios uma Doutrina que só tinha sido destinada aos Judeus”. Diz isso com referência a Paulo ser conhecido como o Apóstolo dos Gentios.
Aqui precisamos esclarecer um ponto importante. Jesus veio para a nação de Israel. Isso é fato. Mas, no entanto, sua vinda já havia sido profetizada e determinado que Israel o rejeitaria, de modo que a mensagem seria levada a todo o mundo:
“E acontecerá naquele dia que a raiz de Jessé, a qual estará posta por estandarte dos povos, será buscada pelos gentios; e o lugar do seu repouso será glorioso.” Isaías 11:10
“Eis aqui o meu servo, a quem sustenho, o meu eleito, em quem se apraz a minha alma; pus o meu espírito sobre ele; ele trará justiça aos gentios” Isaías 42:1
O próprio Jesus disse a um gentio que até aquele momento ainda não havia visto alguém com tanta fé. A história está em Mateus 9:1-13. Salientamos apenas os versos 10-12 que mostram Jesus profetizando que os gentios seriam salvos e muitos dos de Israel se perderiam:
“Em verdade vos digo que nem mesmo em Israel encontrei tanta fé. Mas eu vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no reino dos céus; e os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes.”
Continuando com suas más interpretações, Rahim agora passa a atacar a doutrina da Expiação. Segundo ele, Paulo “pregava que o homem podia fazer o que quisesse sem ter que enfrentar as consequencias das suas ações, desde que, no fim do dia, dissesse: 'Eu creio em Cristo'.”
A doutrina da Expiação é um dos pontos altos da Fé Cristã. Essa doutrina ensina que o homem é de natureza má e que ele, por si só, jamais é capaz de fazer algo que agrade a Deus, exatamente por ser mau. Essa maldade gera a separação entre o homem e Deus. Tal separação de Deus gera morte. Sendo assim, o destino de todos os homens, os quais são todos pecadores, é a morte eterna. Mas, Deus sendo misericordioso e para demonstrar um amor sem qualquer comparação, faz-se homem e sacrifica-se a si próprio para morrer em nosso lugar. É o justo pelos injustos. Assim, para alguém ser salvo, precisa reconhecer que é pecador e que por esforço próprio ele jamais poderá agradar a Deus. Assim, ele reconhece sua natureza e recebe o amor de Jesus em sua vida para salvá-lo da destruição. E, ao receber de Cristo, ele tem sua natureza transformada. Por fim, se ele receber a Jesus verdadeiramente, ele não viverá mais na prática do pecado, pois, tal como Jesus disse, pelos frutos podemos conhecer a árvore; ou seja, se meus frutos são ruins, então jamais me tornei uma boa árvore, ou seja, diferentemente do que Rahim disse, que a pessoa pode pecar e depois ficar impune, Paulo disse o seguinte:
“Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?” Romanos 6:1-2
O que vemos é o oposto do que Rahim disse. O Cristão jamais viverá no pecado. Mas, se ele pecar, ele se arrependerá e pedirá perdão a Deus por seus erros. Já a pessoa que vive pecando sem medo, sem medir consequencias, esse prova claramente não ser Cristão, pois o Cristão é inimigo do pecado.
Em seguida, Rahim muda de foco e diz mais alguns absurdos. Ele diz:
A língua grega podia conter a filosofia dos Gregos, mas não era suficientemente vasta nem flexível para exprimir o que Jesus tinha dito. Nem mesmo um verdadeiro seguidor de Jesus que falasse grego fluentemente poderia expressar a totalidade de seus ensinamentos através desta linguagem.”
Eis uma afirmação completamente sem sentido. Os próprios Judeus já tinham cerca de 400 anos antes de Jesus uma versão traduzida para o Grego da Tanakh (a Torá , Profetas e demais Escritos, isto é, o Antigo Testamento completo). A tradução foi feita por 70 Judeus fluentes em seus idiomas. Essa versão é conhecida e utilizada até hoje e chama-se Septuaginta, ou LXX.
Pouco adiante, Rahim cita Romanos 3:7-8 para provar que Paulo admitia ser mentiroso. O verso diz:
“Mas, se pela minha mentira abundou mais a verdade de Deus para glória sua, por que sou eu ainda julgado também como pecador? E por que não dizemos (como somos blasfemados, e como alguns dizem que dizemos): Façamos males, para que venham bens? A condenação desses é justa.”
O que o texto está realmente dizendo não é que Paulo confessa ser mentiroso. Este verso está diretamente conectado aos anteriores onde Paulo fata dos homens comuns. Quando diz “se por minha mentira...” ele quer dizer “a mentira dos homens”. João Calvino, importante comentarista e líder do século XVI, parafrasea este verso:
“Se pela nossa deslealdade a verdade do Deus ficar mais evidente, e de alguma forma confirmada, e assim mais honra resultar a ele, não é de modo nenhum somente, que ele, que serve para expor a honra de Deus, deve ser punido como um pecador.” (Fonte)
Assim, desafazemos mais uma falácia de Rahim.
Em certo momento, Rahim vai dizer que tendo a Igreja supostamente sido dominada por Paulo, Barnabé passou a ser considerado herége. De fato, esta é a primeira vez que vejo alguém dizer que os Cristãos consideram Barnabé herége! Rahim está totalmente desinformado. Barnabé professava a mesma fé que nós e nenhum Cristão de doutrinas ortodoxas jamais disse tal infâmia de Barnabé. De fato, nem mesmo vi ainda um Cristão sectário dizer isso também.
Parágratos adiante, Rahim diz que a maioria dos mártires Cristãos eram Unitaristas. Além de isso não ser verdade, proponho que algum Muçulmano mostre-nos nomes e citações de mártires unitaristas nos primeiros 300 anos do Cristianismo. O desafio está lançado.
Por outro lado, para mostrar como os Cristãos sempre criram na Trindade, muito embora no início não usassem este termo, para mostrar como Cristo sempre foi tido e recebido como Deus encarnado, citaremos alguns ilustres mártires:
Policarpo:
Quando estava prestes a ser morto na arena, diante do proconsul, ele disse:
“Há oitenta e seis anos sirvo a Cristo e nenhum mal tenho recebido Dele. Como poderei negar Aquele a quem prestei culto e rejeitar o meu Salvador?” (Martírio de Policarpo 9:6)
Depois, quando estava prestes a morrer, orou:
“Ó Deus Todo-Poderoso, Pai de te Amado e Abençoado Filho Jesus Cristo... te agradeço por me considerar digno deste dia e hora (i.e. de morrer por Cristo) … eu Te louvo, eu Te bendigo, junto a Teu celestial Filho Jesus Cristo, Teu Filho Amado ..” (Martírio de Policarpo 14:1-3)
Justino Mártir:
Em sua obra sobre a ressurreição de Jesus, escreveu:
“E a Palavra, sendo Seu Filho, veio a nós, em carne, revelando tanto a Si como ao Pai, dando a nós sua própria ressurreição dentre os mortos e vida eterna. E este é Jesus Cristo, nosso Salvador e Senhor.”(Fonte)
Inácio
Embora já tenha sido citado aqui, será repetido neste ponto por Inácio também ter sido mártir. Foi contemporâneo de Policarpo, Barnabé e Clemente e morreu no Coliseu como outros tantos Cristãos.
“Porquanto Deus se manifestou como homem...” (Aos Efésio, XIX, 3)
“Jesus Cristo, nosso Deus...” (Aos Romanos, na saudação)
O que o autor precisa saber e entender é que embora o termo Trindade não tenha sido adotado tão cedo, a compreensão de que Jesus era o divino Filho de Deus e que o Espírito Santo também era o próprio Deus se faz evidente por toda a história Cristã. Citando Josh Mcdowell:
“O mais antigo registro que negasse a divindade de Cristo não apareceu antes de 190 d.C., quando um líder mercador Bizantino de nome Theodotus (Teodeto), referindo-se a sua negação de Cristo, disse, “Eu não neguei a Deus, mas a um homem...” E não foi antes de 318-320 d.C. quando um presbíterio de Alexandria de nome Ário negou a divindade de Cristo que a questão se tornou um assunto teológico de maior importância dentro da Igreja.“ (Josh Mcdowell & Bart Larson: Jesus a Biblical Defense of His Deity. Extraído de versão online, encontrada aqui).
Se realmente ninguém pode encontrar qualquer obra ou testemunho antes de Ário em 318 que comprove que a descrença na divindidade de Cristo era algo vasto e tão bem evidente como Rahim argumenta, evidentemente concluímos que Rahim não usa de boa vontade para investigar a verdade, mas simplesmente joga fatos irreais que ele gostaria que fossem reais.
Cap 6 – Os Primeiros Unitaristas do Cristianismo
Este capítulo é um dos mais importantes do livro, tanto para Muçulmanos como para Cristãos. Para os Muçulmanos é importante porque provaria como os primeiros e importantes Cristãos eram Unitaristas, o que indicaria que a Igreja foi se corrompendo com falsas doutrinas ao longo dos anos. Para os Cristãos é importante porque, caso o autor tenha se equivocado, provará que não houve, de fato, uma real presença Unitarista no início do Cristianismo.
Rahim inícia o capítulo dizendo:
“Entre os Cristãos Apostólicos, como vieram a ser conhecidos os seguidores de Jesus e de Barnabé, surgiram numerosos sábios e santos com uma tal religiosidade que ainda hoje são respeitados e admirados … davam maior importância à figura histórica de Jeus, evitando usar o termo “Filho” quando se referiam a ele.”
Primeiramente, devemos corrigir um detalhe desse parágrafo. “Cristãos Apóstolicos” é um termo que se refere aos Cristãos do tempo em que os Apóstolos eram vivos. O que Rahim tenta fazer ao dizer que eram os que seguiam a Jesus e Barnabé é tentar dividir os Cristãos em dois grupos: um dos seguidores de Jesus, outro dos seguidores de Paulo. Tal divisão não existiu. Quem seguia a Barnabé, Paulo, Pedro, Apolo e Clemente seguia também a Jesus.
Segundo, é importante que cada Muçulmano que ler esta crítica possa notar o que Rahim está querendo dizer com este capítulo. Quer dizer que havia verdadeiros Cristãos, seguidores de Jesus no início do Cristianismo. E, para provar tal afirmação, Rahim citará diversos Cristãos antigos. Nós tomaremos cada nome citado por Rahim para conferir se o citado realmente queria dizer o que Rahim disse.
Atenção leitor Muçulmano!
Como por diversos sites e fóruns na internet os Muçulmanos bem-intensionados, mas mal-informados, têm citado este capítulo para provar que o Cristianismo mudou e que muitos dos santos Cristãos tão admirados hoje não criam na divindade de Jesus, é importante que leiam com atenção o que se segue e que procurem ler as outras desses antigos autores para julgarem se Rahim falou a verdade.
Segundo o Alcorão (Sura 61:14), Allah amparou os Cristãos que creram fielmente e os fez prevalecer sobre os que não creram. Então, vejamos o que os que prevaleceram, isto é, que foram amparados por Allah por pregar a verdade, disseram:
Irineu (130 – 200 d.C.)
Rahim diz que Irineu cria num Deus Único e na doutrina da humanidade de Jesus. Diz ainda que Irineu se opunha e criticava a Paulo por, supostamente, introduzir religiões pagãs no Cristianismo. Também diz que Irineu citava o Evangelho de Barnabé constantemente.
Gostaríamos de pedir que os leitores que de nós discordam pudessem mostrar provas disso. Infelizmente Rahim não citou nada de Irineu que corroborasse com tais declarações. Por quê? Porque não há o que citar que corrobore com o que foi dito!
Vejamos o que Irineu REALMENTE disse sobre Jesus:
“Ele [Jesus] é o Santo Senhor, o Maravilhoso, O Conselheiro, o de Bela aparência e Deus Poderoso, vindo nas nuvens como juíz de todos os homens; - todas as essas coisas foram profetizadas sobre Ele nas Escrituras.” (Contra as Heresias, livro 3, cap. XIX, n° 2)
“'Seu nome será Emanuel, que quer dizer Deus Conosco', isto claramente significa que as promessas feitas aos pais foram cumpridas, que o Filho de Deus nasceu de uma virgem, e que Ele próprio era o Cristo Salvador profetizado pelos profetas.” (Contra as Heresias, livro 3, cap. XVI, n° 2)
“A doutrina deles se afastam dEle (Jesus) que é verdadeiro Deus”. (Contra as Heresias, livro 3, cap. XVI, n° 6)
Estas são apenas três citações que bastam para provar o que Irineu realmente pensava sobre Jesus. Para ele, Jesus era o divino Filho de Deus profetizado pelos antigos profetas, Salvador e verdadeiro Deus. Não é necessário citar mais porque há centenas e prováveis milhares de afirmações de Irineu em sua obra para provar e defender a eternidade, divindade e perfeição de Jesus. Aliás, sua obra “Contra Heresias” foi escrita exatamente para aniquiliar doutrinas mentirosas que surgiram em algumas comunidades Cristãs. Encorajamos que todos leiam pelo menos uma porção dos escritos de Irineu.
A respeito das afirmações de Rahim de que Irineu se opunha a Paulo, sugerimos que leiam o Livro III, a partir do capítulo XIII, pois Irineu defenderá as doutrinas de Paulo, bem como seu ministério e caráter. Assim, resta-nos esperar que algum Muçulmano prove que Rahim foi sincero e verdadeiro em suas declarações sobre Irineu.
Tertuliano (160 – 220 d.C.)
Como dos demais, Tertuliano defendia a completa divindade de Jesus. Para ele, Jesus não era o Pai. Ambos eram pessoas distintas. Mas, no entanto, ambos eram o mesmo Deus.
Em seu escrito contra Praxeas, capítulo XXVIII lemos Tertuliano argumentando que tanto o Pai quanto o Filho são divinos, mas que não se deve dizer que o Filho e o Pai são o mesmo em si. Isso ocorria com alguns Cristãos antigos. Eles não negavam a divindade de Jesus, mas imaginavam que Deus pai vestia-se com a roupa de Pai num momento e no outro trocava para a roupa de Filho. Este capítulo, bem como a obra completa, pode ser lida aqui.
A partir desta parte em seu livro, Tertuliano provará que Jesus é Deus que se fez carne para viver entre os homens. É importante destacar que os Cristãos antigos não discutiam se Jesus era divino. A discussão era se ele era homem, homem de carne e ossos! Não havia dúvidas por parte dos Cristãos sobre ele ser Deus, mas alguns duvidavam que Ele realmente tivesse um corpo carnal, achando que, na verdade, o corpo de Cristo que viam andando e pregando era, na verdade, uma espécie de ilusão do próprio Deus.
Algumas citações de Tertuliano:
“Ele é, sem dúvidas, o Filho de Deus” (Anti-Marcião – Contra Praxeas, capítulo XXI, ponto 8013)
“O Filho de Deus foi crucificado … e o Filho de Deus morreu” (Sobre a carne de Cristo – capítulo V)
Orígenes – (185 – 254 d.C.)
Como é o hábito de Rahim, ele mais uma vez conta várias inverdades sobre alguém. Diferentemente do que ele alega sobre Orígenes, não havia divisão entre “igreja de Paulo” e “igreja apostólica”. Mas, mas importante, Orígines não foi perseguido por “rejeitar a doutrina da Trindade”, ele foi tido por herético em razão de seus extremimos no platonismo. E, ainda muito importante, quem o matou não foi a Igreja, como Rahim diz. Orígenes foi morto pelo estado Romano nas perseguições contra os Cristãos comandadas por Décio.
Recomendamos que leiam sobre Orígenes aqui para averiguar os fatos.
Algumas citações:
“Em primeiro lugar, devemos notar que a natureza daquela deidade que está em Cristo que diz respeito a Ele ser o Filho Unigênito de Deus é uma coisa, e que a natureza humana que Ele assumiu nos últimos tempos com o propósito da dispensação (da graça) é outra.” (De Principiis, Livro I, Cap. II, verso 1)
“O Filho, concordemente, também é a luz e a verdade de tudo o que existe.” (De Principiis, Livro I, Cap. II, verso 4)
Em sua carta escrita para Africano, Orígenes o saúda dizendo:
“Orígenes a Africano, um amado irmão em Deus Pai, através de Jesus Cristo, Seu Santo Filho, saudações.” (Carta de Orígenes a Africano)
Essas poucas citações bastam para mostrar que Orígenes de fato cria na divindade de Jesus. Também nota-se em suas obras como ele estimava a Paulo e aos outros Apóstolos. Recomendo a leitura do capítulo 2, do primeiro livro onde ele tratará apenas sobre Cristo.
Diodorus de Tarso
Não se sabe muito sobre ele e, também, não há obras completas preservadas de sua autoria. No entanto, o que realmente se sabe dele é que Diodorus foi um dos grandes defensores do Concílio de Nicéia.
A respeito de sua Teologia, sabe-se que ele foi realmente condenado como herético por tendências nestorianas. O nestorianismo não negava a divindade de Jesus. Entretanto, dizia que as duas naturezas de Jesus, isto é, a divina e a humana não são interligadas e que por isso possuem um ente independente para cada uma. É importante salientar que Rahim diz que Diodorus cria que Jesus era homem que possuia uma alma e um corpo humano. Isso é evidente em qualquer Cristão de qualquer era! Todos nós cremos que ele era totalmente humano e totalmente divino ao mesmo tempo. Sendo humano, possuía sim alma, sangue, ossos...
Para um pouco mais sobre esta personagem, leia nesta enciclopédia.
Luciano (morto em 312 d.C.)
A respeito de Luciano, Rahim diz que ele “fez a revisão da Septuaginta, eliminando muitas das alterações que tinham sido feitas a alguns dos Evangelhos aquando da tradução para o Grego.” Tal afirmação é totalmente inverdadeira pelo simples fato de que a Septuaginta não possui nenhum Evangelho! A Septuaginta (ou LXX, como também é conhecida) é uma tradução a Bíblia Judaica, isto é, no Antigo Testamento para o Grego. Se Luciano fez, de fato, alguma revisão, ele com certeza não inseriu e nem removeu Evangelho algum porque já não havia Evangelho algum para ser retirado! Mas, sabemos que Luciano realmente trabalho com a LXX e o Novo Testamento Grego, mas não que tenham os rejeitado. A falta de conhecimento de Rahim nos assombra, e nos assombra que tantos Muçulmanos pelo mundo inteiro tenham este livro e aceitem o que nele está escrito.
A doutrina do Arianismo realmente teve suas raízes em Luciano. De fato, por algum tempo a doutrina foi chamada de Lucianismo. Mas, diferentemente do que Rahim pretende, o Arianismo não põe a Jesus como um mero homem e profeta que veio. Para o Arianismo, Jesus é a primazia e mais perfeita das criações, sendo Filho de Deus, mas não tão divino quanto o Pai. Ou seja, para ele o Pai é Deus, mas o Filho não é, é apenas a mais perfeita das criaturas.
Luciano foi martirizado e, segundo alguns, mas não se tem tanta certeza, em sua prisão e em sua morte Luciano teria negado suas doutrinas. Suas obras são quase desconhecidas atualmente.
Ário (250 – 336 d.C.)
Primeiramente, notem quantos anos já se passaram após a ressurreição e vida de Cristo para que surgisse a doutrina de que vamos tratar!
Não temos muito o que dize sobre Ário, diferentemente de Rahim que finalmente tem alguém que realmente negasse a divindade de Jesus três séculos após Sua vinda.
Quando falamos sobre Ário, acabamos falando quase que totalmente sobre sua doutrina do Arianismo.
Sendo assim, não temos muito que defender e nem atacar a Ário porque sua doutrina não concorda com a doutrina Cristã Ortodoxa e nem com a doutrina Muçulmana. Rahim defende tanto Ário simplesmente por ele se opôr ao Cristianismo tradicional, mas ignora que Ário também discordaria do Islamismo.
Como já dissemos sobre Luciano, a doutrina Ariana classificava a Jesus como a mais perfeita da criaturas, uma espécie de deus do segundo escalão, por assim dizer. Ele era Filho de Deus, mas não participante de sua essência. Dessa forma, era mais apropriado chamá-lo de criatura do que, propriamente, filho.
Eusébio de Cesaréia
Sobre Eusébio de Cesaréia também não muito a se dizer. Rahim diz que Eusébio era partidário de Ários de coração, mas temos que negar isso. De fato Eusébio parecia simpatizar-se da pessoa de Ário, até o socorreu em certo momento, mas dizer que Eusébio era Ariano está longe da verdade.
Logo no início de sua obra, Eusébio escreveu sobre Cristo:
“Nenhum tratado poderia bastar para explicar pormenores a própria substância e natureza de Cristo, por isso o Espírito divino diz: Sua linhagem, quem a narrará?; pois, na verdade ninguém conheceu o Pai senão o Filho, e ninguém conheceu alguma vez o Filho, segundo sua dignidade, se não o próprio Pai que o engendrou.” (História Eclesiástica, Livro I, cap. 2 – versão digital)
E, se tornará evidente para qualquer um que ler sua obra que os Cristãos sempre foram em sua vasta maioria unânimes nas doutrinas essenciais e unânimes quanto à divindade de Jesus. Também notará que os mitos comumente divulgados em sites Islâmicos de que a Igreja destruiu os Evangelhos verdadeiros e que ficou com outros falsos que se adaptavam a sua doutrina são improcedentes. Sua leitura é muito recomendada.
Adiante, Rahim citará alguns outros indivíduos, mas nós vamos nos abster de citá-los por eles serem personagens pouco conhecidas e pouco relevantes. Além do mais, já estão demasidamente afastados dos primeiros Cristãos de modo que sua opinião adquire menos força.
Igualmente, o capítulo VII nos é totalmente irrelevante.
Cap. 8 – O Cristianismo de hoje
O Cristianismo de hoje é o mesmo que dos tempos mais antigos. Nossas doutrinas e nossa profissão de fé é a mesma de todos os tempos. Talvez a única coisa mais divergente dos tempos mais remotos do Cristianismo para os tempos atuais seja a grande variedade de seitas e novas doutrinas que surgem com o passar dos anos. No entanto, as doutrinas que são o fundamento do Cristianismo permanecem inabaláveis. São elas a divindade plena de Jesus, sua ressurreição e sua obra de expiação de pecados.
Nossa Bíblia também permanece a mesma, embora os Muçulmanos tentem e precisem crer e provar que ela está modificada.
No ínicio deste capítulo, Rahim diz que os manuscritos da Bíblia foram escritos depois do Concílio de Nicéia.
A respeito dos manuscritos bíblicos, apresentamos a seguinte tabela:
Manuscrito | Data da escrita | Cópia mais antiga | Lapso de tempo |
Ms. Madalena | 1° século | 50-60 d.C. | Prov. coexistente |
John Rylands (Ev. João) | 90 d.C. | 130 d.C. | 40 anos |
Papiro Bodmer II | 90 d.C. | 150 – 200 d.C. | 60 – 110 anos |
Papiro Chester Beatyy | 1° século | 200 d.C. | 150 anos |
Codex Vaticanus | 1° século | 200 d.C. | 275 – 300 anos |
Codex Sinaiticus | 1° século | 350 d.C. | 300 anos |
Codex Alexandrinus | 1° século | 400 d.C. | 350 anos |
O Concílio de Nicéia ocorreu em 325 d.C., ou seja, há ainda assim uma grande família de manuscritos antes desse período. E, para fortalecer ainda mais o que temos em mãos, as obras dos autores antigos (muitos dos quais foram citados aqui neste artigo, como Irineu, Orígenes e Barnabé) estão repletas de trechos e citações Bíblicas. De fato, não é nenhum exagero dizer que praticamente todo o texto do Novo Testamento poderia ser reconstruído em posse apenas das obras dos antigos. Este argumento além de demonstrar a integridade do texto que temos em mãos também serve como resposta para a acusação Muçulmana de que os livros canônicos (isto, os textos que a Igreja tem por sagrados) só foram determinados e separados em Nicéia.
Embora isso seja um fato evidente, Rahim prefere não aceitar e nem pensar de modo justo. Ele ainda conclui essa parte dizendo que os manuscritos do Novo Testamento de depois de Nicéia são diferentes dos que existiam antes. E, para tornar ainda mais duvidosa sua declaração, ele diz que os manuscritos do Mar Morto foram escondidos para se ocultar o verdadeiro texto! Mas, como qualquer um pode averiguar, os manuscritos do Mar Morto não contradizem nada do que temos em mãos.
Mais adiante, Rahim critica a doutrina da expiação dizendo que com ela “o homem não é responsável por suas ações, nem terá que prestar conta delas depois de sua morte” e que devido a sua natureza pecaminosa, o homem “enquanto estiver vivo, a sua condição é de indignidade e imperfeição”. Em seguida cita J. G. Voss, o qual disse que “a religião que despedaça o coração do homem é o Cristianismo, não o Islamismo”.
A isso temos que dizer que o sacrifício de Jesus foi o sacrifício final que encerrou de uma vez por todas os sacrifícios de ovelhas e outros animais em Israel. Jesus era o sacrifício perfeito, o mais puro dos seres que poderia existir. Isso foi necessário porque os homens têm, de fato, uma natureza extremamente má. Muitos pensam que ser uma boa pessoa e fazer o bem para nossos vizinhos agrada a Deus e nos garantirá a vida eterna. Muito embora possam praticar boas obras, realizar o bem sem egoísmo em muitos casos, isso não basta para a salvação. Por que? Porque nós, como homens, temos a obrigação de sermos boas pessoas e de tratar os outros homens igualmente bem. Não podemos ser salvos por simplesmente fazer aquilo que é nossa obrigação! Ademais, nosso pecado não foi contra o homem, foi contra Deus. Nosso pecado não nos separou dos homens, nos separou de Deus. Assim, nossas boas obras são uma obrigação natural de nossa espécie. Se quisermos ser salvos, temos de praticar obras que agradam a Deus, fazer coisas para Ele, não para os homens necessariamente. E só podemos agradar a Deus se abandonarmos nossa natureza má e sermos transformados. O único meio de mudar nossa natureza má para que agrademos a Deus é recebendo Jesus e o Espírito Santo em nossa vida para que nossa natureza seja transformada. Assim passaremos a fazer o que agrada a Deus. Boas obras agradam a Deus, mas, entendam, é nosso dever humano. De fato, aquele que agrada a Deus procura praticar o bem o tempo todo.
Sendo assim, o Cristianismo não entende que qualquer pessoa possa ser salva por méritos próprios. Ninguém estará no Paraíso orgulhoso de si próprio e se gloriando dizendo que realmente merecia estar lá por ser melhor que outros tantos. Nunca. Estaremos lá pela misericórdia de Jesus que nos salvou e nos mudou por completo. Desta forma, o Cristianismo realmente é a religião que despedaça o coração do homem porque seu coração é mau e inclinado ao pecado. Por isso se diz:
“Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.” Salmo 51:17
Conclusão
Nós não continuaremos com o restante do livro porque eles tratarão de pontos que não são interessantes para nós neste artigo pois eles apresentam a visão Islâmica sobre Jesus. Nosso objetivo no presente artigo foi o de responder às inverdades escritas por Rahim e apresentar, como provas, a verdade histórica.
Nosso desejo é que tanto Cristãos quanto Muçulmanos não sejam levados por fábulas, mas sejam críticos e analisem os argumentos apresentados aqui neste site e nos sites Islâmicos por toda a internet com olhos críticos. Confiram se o que os autores dizem realmente é verdade. Não aceitem um argumento por eles simplesmente agradar seus olhos.
Por fim, embora o livro de Rahim se chame “Jesus, um Profeta do Islão”, podemos livremente concluir que fora do Alcorão não há nenhuma evidência de que Jesus realmente foi esse profeta do Islã.
A citações do livro “Jesus, um Profeta do Islão” apresentadas aqui foram extraídas da 1ª edição de 1995, Al Furqan, Lisboa.
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Palavras-chave
Mohamed, Maomé, Muhamed, Mohammed, Islã, Islam, Alcorão, Al-Corão, Quran, Korão, Al-Korão, hadith, hadice, sharia, tafsir, islamismo.